Um bebê que acredita ser uma divindade, uma família belga instalada no Japão pós-guerra e muita poesia visual. Assim começa Little Amélie ou O Caráter da Chuva, animação que chega aos cinemas em 25 de junho de 2025.
Baseado no romance autobiográfico de Amélie Nothomb, o filme une multiculturalismo, fantasia e crescimento pessoal em apenas 75 minutos. A seguir, conheça os principais detalhes da produção que já desperta curiosidade entre fãs de animação e leitores de 365 Filmes.
Enredo destaca a infância de uma “deusa” de três anos
A história tem início em agosto de 1969, quando os diplomatas belgas Marc (Marc Arnaud) e Daniele (Laëtitia Coryn) celebram o nascimento de sua terceira filha, Amélie, em território japonês. Na tradição folclórica citada pelos diretores Maïlys Vallade e Liane-Cho Han, crianças são consideradas deuses até completarem três anos — visão que a própria protagonista abraça plenamente.
Dentro desse olhar divino, o universo teria sido criado através de um “tubo” que expele matéria, referência direta ao título francês original: “A metafísica dos tubos”. Apesar de possuir voz interior, Amélie opta por não falar, atitude que leva um pediatra a classificá-la erroneamente como “vegetal”.
Confinada à lógica infantil de onipotência, a garota transforma frustrações em pequenos desastres domésticos, virando a casa ao avesso. A rotina muda quando a vizinha Kashima-San (Yumi Fujimori) envia a prestativa babá Nishio-San (Victoria Grobois) para ajudar a família.
Realismo mágico colore descobertas e perdas
Seguindo a tradição do realismo mágico, a narrativa combina acontecimentos cotidianos com eventos quase sobrenaturais. O primeiro ponto de virada ocorre na chegada da avó Claude (Cathy Cerda). Com apenas um pedaço de chocolate branco belga, ela faz Amélie baixar a guarda e experimentar o que define como “êxtase”. Nesse momento, a menina levita em um halo dourado.
Logo depois, a palavra inaugural de Amélie surge ao ouvir o barulho do aspirador: “aspirateur”. O feito anima pais e irmãos, que passam a repetir seus próprios nomes, ávidos por validação. Quando Claude precisa retornar à Bélgica, a tristeza da neta provoca um tremor de terra, selando o poder simbiótico entre emoções infantis e fenômenos naturais.
Estética impressionista encontra animação digital
Apesar de totalmente digital, cada frame remete aos pincéis de Claude Monet, mesclado a inspirações claras do estúdio Ghibli. Campos floridos, chuva cintilante e paisagens nebulosas traduzem os sentimentos de Amélie, fortalecendo a imersão sensorial.
Segundo a produção, essa paleta híbrida visa ressaltar o ponto de vista da protagonista: se algo não é explicado pela ciência, a mente infantil preenche as lacunas com magia. Assim, Amélie “liga” a primavera ao passar as mãos pelos bulbos, enxergando-se literalmente como fonte das estações.
Elenco, direção e equipe reforçam multiculturalismo
Loïse Charpentier dá voz e expressão à pequena “deusa” em sua estreia no cinema. Ao lado dela, Victoria Grobois (Nishio-San) assume papel fundamental na expansão do horizonte cultural da criança, provando que afeto atravessa barreiras linguísticas e históricas.
Imagem: Imagem: Divulgação
A direção dividida entre Maïlys Vallade e Liane-Cho Han abraça esse intercâmbio, apoiada no roteiro de Aude Py, Eddine Noel e da própria Nothomb. Na produção, Henri Magalon, Edwina Liard e Nidia Santiago garantem a realização franco-japonesa, moldando toda a experiência em 75 minutos.
Mensagem de solidariedade atravessa tempo e espaço
Embora ambientada nas sombras do pós-guerra, a trama evita discursos didáticos sobre nacionalismo. Em vez disso, mostra Amélie oferecendo a Nishio um pote aparentemente vazio que, ao ser aberto, libera uma enxurrada luminosa de memórias. O gesto resume o ponto central: experiências compartilhadas podem cicatrizar feridas de diferentes gerações e culturas.
A ligação de Amélie com a chuva reforça o conceito: a palavra “ame”, em japonês, soa como seu nome, reforçando a identidade dupla. A água, simultaneamente invisível e poderosa, espelha o poder silencioso da menina.
Fatos essenciais de Little Amélie ou O Caráter da Chuva
Dados de produção
Título original: Little Amélie or the Character of Rain
Direção: Maïlys Vallade, Liane-Cho Han
Roteiro: Aude Py, Liane-Cho Han, Eddine Noel, Maïlys Vallade, Amélie Nothomb
Duração: 75 minutos
Gêneros: Animação, drama, família
Elenco principal
Loïse Charpentier (Amélie), Victoria Grobois (Nishio-San), Marc Arnaud (Marc), Laëtitia Coryn (Daniele), Cathy Cerda (Claude) e Yumi Fujimori (Kashima-San).
Data de estreia
25 de junho de 2025, em circuito internacional.
Ambientação histórica
Japão, agosto de 1969, período marcado por mudanças sociais e reconstrução pós-Segunda Guerra.
Com narrativa centrada na ótica infantil, Little Amélie ou O Caráter da Chuva entrega uma jornada de autodescoberta marcada por elementos de fantasia, arte impressionista e debate cultural. O resultado é uma obra que promete encantar aficionados por histórias de amadurecimento e fãs de animação autoral.
