Jeremy Allen White precisou de apenas um take para entregar uma das cenas mais intensas de Springsteen: Deliver Me From Nowhere, drama musical que estreou nos Estados Unidos em 24 de outubro. O momento em que Bruce Springsteen inicia terapia, após enfrentar pensamentos suicidas, resume o tom confessional do longa.
O diretor e roteirista Scott Cooper revelou que o ator ouviu apenas um “não estrague isso” antes de gravar. O resultado acabou indo direto para a versão final, sem cortes, reforçando a proposta realista da produção de US$ 55 milhões que, até agora, arrecadou US$ 16,2 milhões e divide a crítica.
A cena que não podia falhar
Na sequência, o personagem chega ao consultório em Los Angeles, senta-se e, sem pronunciar uma palavra, desaba em lágrimas. Cooper contou que era fundamental captar o colapso exatamente como ocorreu na vida do músico, por isso optou pela filmagem em take único.
Antes das câmeras rodarem, o cineasta deu um breve recado a White: “Não estrague isso”. Segundo ele, o ator incorporou a vulnerabilidade de Springsteen de forma tão precisa que a equipe preferiu não repetir a filmagem. “O que está no filme é exatamente o que aconteceu”, afirmou.
Pressão de retratar um ícone
White, vencedor do Emmy por The Bear, encara aqui o desafio de viver uma lenda da música. O ator precisou equilibrar os trejeitos do cantor com a fragilidade emocional de alguém à beira do esgotamento. O sucesso na missão rendeu elogios mesmo entre críticos que consideraram o longa irregular.
Como o momento reflete a vida real de Springsteen
Cooper baseou-se no livro de Warren Zanes, lançado em 2023, que descreve a difícil fase de composição do álbum Nebraska (1982). Exausto pela fama, o verdadeiro Bruce ligou para o empresário, Jon Landau, no meio da noite e confessou que “as noites estavam ficando mais longas e escuras”. Landau, alarmado, marcou a consulta com um terapeuta no dia seguinte. Foi o início de 43 anos de acompanhamento psicológico que, segundo o músico, salvou sua vida.
No set, a fidelidade chegou aos detalhes: a sala de espera, a luz difusa típica da Califórnia e o silêncio constrangedor antes do choro. O diretor espera que a cena inspire quem passa por crise semelhante a buscar ajuda profissional, repetindo o gesto de Springsteen.
Impacto no álbum Nebraska
O período turbulento permeou as gravações do disco, lembrado pelos fãs como a obra mais íntima do artista. Cooper usa a conversa terapêutica como ponto de virada narrativo, mostrando que o processo criativo e a saúde mental estavam, naquele momento, inseparáveis.
Repercussão crítica e números de bilheteria
Desde o lançamento, Springsteen: Deliver Me From Nowhere sustenta 61% de aprovação no Rotten Tomatoes, resultado que reflete opiniões divididas. Muitos analistas exaltam a performance de White, destacando especialmente a cena do choro, enquanto outros questionam o ritmo da produção.
Imagem: Imagem: Divulgação
No caixa, o longa soma US$ 16,2 milhões, longe dos US$ 55 milhões investidos. Mesmo assim, a presença de Jeremy Allen White e o interesse permanente por histórias musicais podem impulsionar a procura em serviços de streaming, segundo projeções do mercado.
Avaliações de público
Em sessões iniciais, espectadores mencionaram nas redes sociais que a sequência de terapia foi “impossível de assistir sem engasgar”. A autenticidade do momento lembra que nem mesmo superestrelas estão blindadas contra depressão e ansiedade.
Por que a sequência de terapia importa para o público
Para Scott Cooper, há um paralelo claro entre arte e serviço público. Ao expor o ponto mais frágil de Springsteen, o filme sinaliza que pedir ajuda não é sinal de fraqueza. “Se salvou Bruce, pode salvar qualquer pessoa”, resumiu o diretor.
Essa mensagem ganha força em tempos de discussões mais abertas sobre saúde mental. A cena reforça ainda o caráter biográfico do longa, que evita romantizar o sofrimento e prefere mostrar o artista em carne viva, humanizando-o diante da plateia.
Conexão com o legado do músico
Depois de enfrentar seus fantasmas, Springsteen compôs sucessos que o consolidaram como “The Boss”, incluindo Born in the U.S.A. (1984). O roteiro sugere que, sem a catarse vivida em Nebraska, esse renascimento criativo talvez não ocorresse.
O que esperar do futuro do filme
Mesmo sem recordes de bilheteria, Springsteen: Deliver Me From Nowhere tende a ganhar fôlego pela curiosidade em torno de White e pelo boca a boca sobre a cena gravada em take único. Distribuidores já especulam relançamentos limitados com debates sobre saúde mental, estratégia que pode atrair novos públicos.
Aqui no 365 Filmes, ficaremos de olho em eventuais indicações a prêmios de atuação. Se você ainda não conferiu, vale assistir para entender como um simples choro filmado sem cortes pode concentrar décadas de dor, superação e, claro, música de tirar o fôlego.
