Um ator venerado, um regime autoritário e um filme de propaganda que ninguém pode recusar. Estas são as peças que o diretor sueco Tarik Saleh movimenta em Eagles of the Republic, obra que encerra sua chamada Trilogia do Cairo.
O longa mistura thriller político e comédia de tom ácido para revelar como a fama pode virar cárcere em um país onde dissidências desaparecem. A produção, exibida no AFI Film Festival de 2025, ganhou nota 6/10 em avaliação internacional e tem lançamento previsto para 22 de outubro de 2025.
Enredo de Eagles of the Republic: fama transformada em arma política
Protagonizado por Fares Fares, George Fahmy é apelidado de “Faraó da Telona” pelo público egípcio. A aclamação, entretanto, atrai a atenção nada amistosa dos serviços secretos do presidente Abdel Fattah El-Sisi. O objetivo deles é direto: obrigar a celebridade a interpretar o próprio ditador em um cinebiografia escancaradamente propagandista.
Quando os agentes passam a ameaçar a carreira e o filho de Fahmy, Ramy (Suhaib Neshwan), a liberdade do astro se mostra ilusória. O contrato para o projeto inclui até uma carta de suicídio falsificada, em mais um lembrete de que, sob o regime, ninguém está a salvo.
Humor sombrio e clima opressivo dividem o ritmo narrativo
Saleh alterna piadas cruéis com cenas tensas para ilustrar a fragilidade do ego presidencial. Entre as ordens oficiais, está a de evitar qualquer maquiagem que evidencie a calvície ou a barriga do governante — detalhe que escancara o controle minucioso do Estado sobre a imagem.
Apesar dos momentos inspirados, a crítica aponta que alguns trechos se alongam e repetem a mesma sensação de perigo constante. O humor ácido funciona, mas transições bruscas para o drama tornam o ritmo irregular e prolongam a duração de 127 minutos.
Elenco e personagens centrais do thriller
- Fares Fares – George Fahmy, astro nacional obrigado a filmar a biografia do presidente.
- Suhaib Neshwan – Ramy, filho de Fahmy e maior crítico da capitulação do pai.
- Lyna Khoudri – Donya, namorada jovem que vive à sombra da popularidade do ator.
- Amr Waked – Dr. Manssour, figura misteriosa que parece ter acesso a cada palavra dita por Fahmy.
- Cherien Dabis – Rula, antiga parceira de cena que sofre com o roteiro megalomaníaco.
- Zineb Triki – Suzanne, esposa do ministro da Defesa e pivô de um caso que o filme não aprofunda.
Os coadjuvantes ajudam a expor a engrenagem autoritária, mas, segundo o review, parte deles perde espaço em subtramas que não recebem o peso necessário.
Imagem: Imagem: Divulgação
Produção, lançamento e recepção inicial
Eagles of the Republic conclui a Trilogia do Cairo iniciada por Saleh e foi exibido em primeira mão no AFI Film Festival de 2025. O filme chega aos cinemas em 22 de outubro do mesmo ano, com distribuição internacional ainda em definição.
Entre os elogios, destaca-se o clímax tenso, considerado “afiado e preciso” pela crítica. Já as ressalvas concentram-se nas mudanças de tom e no excesso de duração. Mesmo assim, a obra oferece reflexões fortes sobre participação política compulsória, lembrando que nem mesmo artistas idolatrados escapam das engrenagens do poder.
Detalhes técnicos de Eagles of the Republic
- Direção e roteiro: Tarik Saleh
- Duração: 127 minutos
- Gêneros: Drama, Thriller de humor negro
- Data de estreia: 22/10/2025
- Nota do review: 6/10
Segundo apuração do site 365 Filmes, o longa consolida a parceria entre Saleh e o ator Fares Fares na exploração de temas políticos áridos, sempre a partir de narrativas de suspense.
Por que o filme chama atenção
Eagles of the Republic interessa a quem busca histórias sobre arte, censura e poder. A obra questiona a crença em liberdade artística em contextos onde a repressão é onipresente. Além disso, retrata a influência estatal sobre os bastidores do cinema, mostrando como um set pode se transformar em palco de coerção.
Ainda que dividido na execução, o longa entrega uma conclusão impactante e reafirma a discussão sobre os limites — ou a ausência deles — quando regimes autoritários sequestram a cultura para reforçar narrativas oficiais.
