Christopher Nolan escolheu a epopeia grega The Odyssey como próximo projeto para os cinemas. Marcado para 17 de julho de 2026, o filme promete reunir a assinatura visual e temática que consagrou o cineasta em sucessos como A Origem, Dunkirk e Oppenheimer.
Com um elenco liderado por Matt Damon (Odysseus), Tom Holland (Telemachus) e Zendaya, a produção já nasce com expectativa de grande bilheteria. A seguir, o 365 Filmes lista sete pontos que fazem desta adaptação o trabalho mais “Nolan” de toda a sua filmografia.
Protagonista brilhante, porém falho
Odysseus encarna o arquétipo preferido de Christopher Nolan: o grande homem repleto de talentos, mas refém do próprio orgulho. Assim como Bruce Wayne, Robert Oppenheimer ou os mágicos de O Grande Truque, o herói grego é estrategista nato, guerreiro hábil e líder respeitado, qualidades que se voltam contra ele quando a vaidade fala mais alto. Essa falha humana impulsiona o drama e oferece ao diretor terreno fértil para discutir limites morais e consequências de escolhas pessoais.
A jornada de autocrítica do protagonista, que chora ao ouvir relatos das próprias façanhas, dialoga diretamente com a obsessão de Nolan por personagens que precisam encarar seus erros para evoluir — um tema recorrente desde Amnésia.
Romance perdido como motor da trama
Outra marca registrada do diretor é o amor trágico. Em The Odyssey, Penélope é a razão que mantém Odysseus focado em voltar para casa. A saudade do casal ecoa histórias como as de Cobb em A Origem ou de Robert Angier em O Grande Truque, onde a vida amorosa fracassada molda motivações e conflitos.
Ao mesmo tempo, figuras como Calypso e Circe surgem como “femme fatales” clássicas, capazes de seduzir o herói e testar sua lealdade. Esse jogo entre devoção e tentação oferece espaço para Nolan trabalhar personagens femininas com agência, algo que costuma equilibrar críticas sobre o destino de mulheres em seus roteiros.
Elenco numeroso, característica de Nolan
A epopeia exige uma variedade de rostos: marinheiros da tripulação, criaturas míticas e deuses em disputa. Nolan, famoso por reunir grandes elencos em Inception, Dunkirk e Oppenheimer, encontra aqui a desculpa perfeita para repetir a prática.
Além de Damon, Holland e Zendaya, nomes como Anne Hathaway aparecem na lista preliminar. Cada núcleo — seja o do palácio de Ítaca, seja o de monstros como Polifemo — poderá receber atenção própria sem desviar do foco narrativo central, uma habilidade que o cineasta consolidou em seus thrillers multi-camada.
Narrativa não linear pronta para twists
Flashbacks, histórias dentro de histórias e relatos orais compõem The Odyssey original. Nolan, que virou sinônimo de enredos quebrados em blocos temporais (vide Memento ou Tenet), terá liberdade para embaralhar cronologia, alternar pontos de vista e brincar com expectativas do público.
O teaser divulgado junto a Jurassic World Rebirth sugere essa abordagem: Telemachus ouve mitos variados sobre o pai e precisa decidir em quais acreditar. O recurso adiciona suspense, reforça o tema da memória — central na obra de Nolan — e mantém o espectador atento aos detalhes.
Imagem: Imagem: Divulgação
Espetáculo visual aliado a efeitos práticos
Nolan é defensor ferrenho do uso de câmeras IMAX e efeitos práticos sempre que possível. Em The Odyssey, monstros marinhos, ilhas fantásticas e interferências divinas pedem grandiosidade. A experiência adquirida em cenas como o corredor giratório de A Origem e a sequência aérea de Dunkirk deverá ser aplicada em larga escala.
Mesmo com inevitável apoio de CGI, espera-se que o diretor priorize cenários reais, maquetes e truques de câmera para entregar credibilidade. O resultado tende a beneficiar tanto fãs de blockbusters quanto críticos que valorizam a autenticidade visual.
Reflexão sobre guerra e sacrifício
The Odyssey começa após a Guerra de Troia, evento que reduz o exército de Odysseus a quase nada. O trauma vivido pelos sobreviventes conecta-se ao olhar de Nolan sobre o custo humano dos conflitos, já explorado em Dunkirk e, em outra escala, em Oppenheimer.
A travessia do herói, marcada por perdas seguidas, fornece material dramático para discutir bravura, culpa e sobrevivência. Essas camadas, somadas à ação, elevam o roteiro além de uma simples aventura mitológica.
História sobre o poder das histórias
O próprio ato de narrar sempre fascinou Nolan. Em A Origem, as ideias plantadas transformam realidades; em O Grande Truque, a ilusão sustenta a carreira de dois mágicos. The Odyssey, nascido da tradição oral, mantém essa essência, celebrando o contador tanto quanto o conteúdo.
Nessa adaptação, cada personagem que relata uma passagem acrescenta vieses e motivações, reforçando a noção de que as histórias moldam reputações e memórias. O diretor poderá, assim, refletir sobre seu papel de cineasta contemporâneo que revive um mito milenar e o apresenta a novas gerações.
O que esperar até a estreia
Com produção de Emma Thomas e roteiro do próprio Nolan, The Odyssey encontra-se em fase de pré-produção. As filmagens devem começar em 2025, mantendo a agenda para julho do ano seguinte. Até lá, o estúdio deve revelar mais nomes do elenco e detalhes sobre locações internacionais.
Se cumprir o que promete, o filme tem tudo para satisfazer quem acompanha a carreira do diretor e, ao mesmo tempo, apresentar a saga de Odysseus a um público que consome novelas, doramas e épicos cheios de reviravoltas. Para fãs de história, mitologia e cinema autoral, vale colocar a data no calendário.
