Uma declaração ousada voltou a movimentar os fóruns de cinema: Alien, de Ridley Scott, foi apontado mais uma vez como o maior filme de terror de todos os tempos. A afirmação vem da jornalista Britt Hayes, vice-editora do MovieWeb, que acumula 16 anos de carreira escrevendo sobre cultura pop.
Hayes, convidada pela série “Greatest of All Time” para defender seu favorito, sustenta que a produção de 1979 reúne todos os elementos que definem o gênero e ainda adiciona camadas de ficção científica, crítica social e um monstro inesquecível.
Quem faz a defesa e por que ela importa
Britt Hayes já passou por veículos como The A.V. Club e Birth.Movies.Death antes de assumir o atual cargo. A jornalista conta que cresceu consumindo filmes de horror na televisão e que Alien foi se tornando parte de seu repertório muito antes de assistir à obra completa.
Quando recebeu o desafio de escolher o maior filme de terror de todos os tempos, a resposta veio “sem pensar duas vezes”. Segundo Hayes, a decisão foi motivada pela qualidade técnica, relevância temática e impacto cultural do longa.
Trama e personagens principais
Lançado em 22 de junho de 1979, Alien acompanha a tripulação da nave comercial Nostromo, que inclui o capitão Dallas (Tom Skerritt), a oficial Ripley (Sigourney Weaver), o imediato Kane (John Hurt), o cientista Ash (Ian Holm), a navegadora Lambert (Veronica Cartwright) e os engenheiros Brett e Parker (Harry Dean Stanton e Yaphet Kotto).
Durante a viagem de volta à Terra, o computador de bordo — conhecido como Mother — acorda o grupo para investigar um suposto pedido de socorro vindo da lua LV-426. Lá, eles encontram uma nave abandonada, ovos estranhos e o aviso de que aquilo não era um pedido de ajuda, mas sim um alerta.
Do Facehugger ao Xenomorfo adulto
Um dos ovos libera o Facehugger, criatura que se agarra ao rosto de Kane e o “engravidará” de forma violenta, dando origem ao famoso Chestburster. O pequeno alienígena logo cresce e se transforma no Xenomorfo, o monstro que passa a caçar um a um dentro dos corredores escuros da Nostromo.
A construção do medo: design e efeitos práticos
O design do Xenomorfo é assinado pelo artista suíço H.R. Giger. Inspirado em sua arte biomecânica, o alien mistura formas humanas, maquinas e uma estética abertamente sexual, o que aumenta a sensação de desconforto. O traje usado em cena foi vestido pelo artista nigeriano Bolaji Badejo, cuja altura de 2,08 m ajudou a criar um ser quase impossível de ser enquadrado por completo na câmera.
Para Hayes, a escolha de efeitos práticos em vez de computação gráfica garante textura e peso aos momentos mais chocantes, como o estouro de peito de Kane — uma sequência que entrou para a história do cinema.
Ripley, uma heroína fora do padrão
Ridley Scott originalmente não havia definido o gênero dos personagens, mas a escalação de Sigourney Weaver como Ripley mudou os rumos das representações femininas em Hollywood. Hayes destaca que, ao colocar uma mulher enfrentando um intruso brutal que se reproduz por meio de violência corporal, o filme debate papéis de gênero sem perder o ritmo de suspense.
Ripley desafia comandos masculinos em diversas ocasiões. Ela identifica que o sinal interceptado é um aviso, insiste no protocolo de quarentena e, no fim, assume o controle completo da Nostromo. Para a jornalista, a catarse do público acontece quando Ripley encara tanto o Xenomorfo quanto a traição interna de Ash, revelado como androide programado para priorizar a corporação Weyland-Yutani.
Imagem: Imagem: Divulgação
Crítica social: capitalismo e IA em evidência
Além do terror físico, Alien aborda a exploração trabalhista. A nave carrega refinarias automáticas de óleo e minério, ilustrando uma futura corrida por recursos em planetas distantes. A companhia Weyland-Yutani trata a equipe como descartável, instruindo Mother a garantir que o “organismo” tenha prioridade absoluta, ainda que isso custe todas as vidas humanas.
A visão de uma megacorporação apoiada por inteligência artificial para maximizar lucros sem se importar com os funcionários ressoa até hoje, reforçando o argumento de Hayes de que Alien continua atual e, portanto, se mantém como o maior filme de terror de todos os tempos.
Detalhes técnicos que reforçam o legado
- Duração: 117 minutos
- Classificação indicativa: R (para maiores)
- Gênero: ficção científica e horror
- Nota 10/10 atribuída pela autora
Influência cultural e legado
Alien inspirou continuações, quadrinhos, jogos e uma legião de filmes que tentaram reproduzir a atmosfera claustrofóbica de corredores metálicos sombrios. Contudo, para Britt Hayes — e para muitos críticos — nenhuma obra posterior superou o equilíbrio entre tensão, metáforas e design inovador alcançado em 1979.
O longa também popularizou o uso de criaturas animatrônicas e elevou o patamar de efeitos em Hollywood. A presença do gato Jonesy, citado pela jornalista, serve como alívio momentâneo, mas também reforça o instinto de sobrevivência que ecoa na protagonista.
Reação do público e convite ao debate
A série “Greatest of All Time” costuma provocar discussões acaloradas, e a escolha de Hayes não foge à regra. Fãs de obras como O Iluminado, O Exorcista e Hereditário rapidamente aparecem para questionar a coroa de Alien como maior filme de terror de todos os tempos.
Nos comentários, a crítica convida a audiência a argumentar com fatos. Segundo ela, qualquer competidor precisaria apresentar mesma relevância temática, inovação visual e impacto social — requisitos que, na avaliação da editora, ainda deixam todos os rivais para trás.
Onde assistir e curiosidades finais
Alien está disponível em serviços de streaming pagos e em mídia física. Várias plataformas oferecem versões restauradas em alta definição, com comentários de Ridley Scott e making of detalhando todo o processo de produção.
Para os leitores do 365 Filmes, vale observar que o filme tem cortes diferentes em edições de aniversário, incluindo cenas estendidas do ninho do Xenomorfo e diálogos adicionais entre Ripley e Dallas. São detalhes que alimentam ainda mais a discussão sobre por que a obra continua, mais de quatro décadas depois, a ser considerada o maior filme de terror de todos os tempos.
Concorde ou não, a análise de Britt Hayes deixa claro que Alien segue como referência obrigatória a quem busca entender como se cria pavor em escala galáctica sem perder de vista críticas sociais muito terrenas.
