Ben Affleck é hoje presença constante nos longas de Kevin Smith, mas essa parceria quase não saiu do papel. Um produtor de Mallrats considerou o ator “boca-suja” demais e não queria vê-lo em cena.
A história, relembrada pelo próprio cineasta, mostra como um simples teste de elenco foi decisivo para o futuro de Affleck em Hollywood — e, por tabela, para a química que o público vê há décadas na chamada Askewniverse.
Produtor temia repetição de palavrões vistos em Dazed and Confused
Em entrevista recente, Kevin Smith contou que James Jacks, produtor de Mallrats (1995), tentou barrar Ben Affleck antes mesmo da audição. Segundo ele, o ator havia usado muitos xingamentos em Dazed and Confused (1993) e “aumentaria” o número de palavrões no novo projeto. Como Mallrats já trazia diálogos repletos de linguagem adulta, Jacks achava que incluir Affleck seria “exagero”.
O argumento era direto: o filme precisaria de equilíbrio para não afastar plateias sensíveis. A avaliação inicial colocou Affleck fora da lista de favoritos para viver Shannon Hamilton, o arrogante gerente de shopping que antagoniza os protagonistas.
Audição virou o jogo para o jovem ator
Apesar da resistência, Kevin Smith insistiu em agendar o teste. Quando Affleck apareceu, encarnou o papel de forma tão natural que convenceu até o produtor mais cético. Smith lembra que, ao terminar a leitura, ficou claro que “ele era o cara”.
Com a escolha confirmada, Mallrats se tornou o primeiro trabalho de Affleck sob a direção de Smith. A performance como vilão carismático ajudou o ator a sair do grupo de coadjuvantes e pavimentou caminho para participações recorrentes no universo do diretor, incluindo Dogma (1999) e outros títulos cultuados.
Convívio no set marcou o início de uma amizade duradoura
As filmagens em Minnesota aproximaram cineasta e ator. Smith relata que, durante pouco mais de um mês, descobriu um Affleck bem diferente do estereótipo de “bully” que ele interpretava. O clima leve e as conversas nos bastidores renderam várias risadas e fortaleceram a confiança mútua.
Nesse período, Affleck também trabalhava no roteiro de Good Will Hunting (1997) ao lado de Matt Damon. Sempre que precisava viajar a Los Angeles para ajustes, pedia autorização ao diretor. Smith permitia e, de volta ao set, Affleck deixava bilhetes de agradecimento. O gesto demonstrava gratidão e reforçava o profissionalismo que ambos compartilhavam.
Kevin Smith já planejava um papel principal para Affleck
Impressionado com o talento do novo amigo, o cineasta começou a escrever Chasing Amy (1997) com Affleck em mente para o protagonista Holden McNeil. Segundo Smith, a resposta do ator foi curta e divertida: “Finalmente”. A confiança valeu a pena; a comédia romântica dramática soma 86 % de aprovação da crítica e 83 % do público, índices que a colocam entre as obras mais elogiadas de Smith.
Imagem: Imagem: Divulgação
Chasing Amy consolidou Affleck como astro em ascensão. Após o filme, ele emendou produções de grande orçamento, como Armageddon (1998) e Pearl Harbor (2001), além de encarnar Batman em diversas produções da DC.
Mallrats foi ponto de virada na trajetória de Ben Affleck
Se James Jacks tivesse mantido o veto, a carreira de Affleck poderia ter seguido outro rumo. Mallrats abriu portas e acelerou a transição do ator para papéis centrais em Hollywood. Em 1998, ele colecionou convites, ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original por Good Will Hunting e, anos depois, dirigiu Argo (2012), vencedor de Melhor Filme na Academia.
O episódio mostra como decisões de bastidores influenciam o destino de grandes nomes do cinema. De “boca-suja” indesejado a colaborador frequente, Affleck tornou-se figura-chave na filmografia de Kevin Smith e um dos rostos mais reconhecidos da indústria.
Detalhes rápidos sobre Ben Affleck
- Data de nascimento: 15 de agosto de 1972
 - Altura: 1,93 m
 - Cidade natal: Berkeley, Califórnia, EUA
 - Profissões: ator, diretor, produtor e roteirista
 - Trabalhos notáveis: Gone Girl, Batman v Superman, Liga da Justiça
 
Parceria segue forte no cinema independente e nos grandes estúdios
A relação profissional entre Affleck e Smith continua rendendo frutos. O diretor costuma recorrer ao ator sempre que possível, enquanto Affleck, agora também cineasta, mantém o respeito pelas origens. Para o leitor do 365 Filmes, fica a lembrança de que até pequenos conflitos criativos podem levar a colaborações memoráveis.
Por que a história ainda chama atenção?
Além da curiosidade sobre o bastidor, o caso reforça a importância de audições e segundas chances. O veto quase impediu um dos encontros mais produtivos do cinema pop dos anos 1990 em diante. E, para quem acompanha a carreira de Affleck, é interessante ver como uma impressão negativa foi revertida em minutos.
Resumo do que você leu
• Produtor temia excesso de palavrões e tentou barrar Ben Affleck em Mallrats.
 
• Audição convenceu a equipe e garantiu o papel de Shannon Hamilton.
 
• Filmagens aproximaram Affleck de Kevin Smith e abriram caminho para Chasing Amy.
 
• Sucesso subsequente inclui Oscar por Good Will Hunting e direção premiada em Argo.
 
• Parceria entre ator e cineasta permanece ativa e celebrada pelos fãs.
									 
					