Intrigante, brutal e envolto em mistério: o caso conhecido como O Monstro de Florença volta aos holofotes graças à nova minissérie da Netflix. Entre balas calibre .22 e pistas que não levam a lugar algum, a produção reacende um dos maiores enigmas criminais da Itália.

Se você curte histórias de bastidores, prepare-se. O 365 Filmes reuniu sete segredos sobre a investigação que tirou o sono de gerações e agora conquista o público de novelas, doramas e true crime.

O que foi o caso O Monstro de Florença?

A expressão “O Monstro de Florença” define uma sequência de assassinatos cometidos entre 1968 e 1985 nos arredores da capital da Toscana. Ao todo, oito casais foram mortos enquanto namoravam dentro de carros estacionados em estradas rurais.

O padrão assustador, sempre com disparos de uma pistola Beretta calibre .22 usando munição Winchester série H, chamou atenção da polícia, da imprensa e do público. Mesmo assim, o responsável — ou responsáveis — jamais foi identificado de forma conclusiva.

Primeiras vítimas: ponto de partida de um terror prolongado

Em 21 de agosto de 1968, Barbara Locci, 32 anos, e Antonio Lo Bianco, 29, foram executados em Signa, cidade vizinha a Florença. Dentro do veículo também estava o filho de Barbara, de apenas seis anos, que dormia no banco traseiro e sobreviveu.

Na época, o crime foi classificado como passional. Apenas anos depois, quando novos ataques com arma idêntica aconteceram, a polícia reabriu o inquérito e ligou o episódio ao futuro Monstro de Florença.

Modus operandi que chocou a Itália

O assassino atacava de surpresa casais jovens em locais isolados. Após disparar, ele retirava cartuchos, levava objetos pessoais das vítimas e, em quatro casos, mutilava os corpos das mulheres. Essa crueldade extrema alimentou manchetes sensacionalistas e espalhou medo pela região.

A ocorrência de crimes sempre nos fins de semana de lua nova gerou especulações sobre rituais obscuros, tema que até hoje rende teorias — embora nenhuma evidência sólida aponte para cultos satânicos.

Investigação confusa e críticas à polícia

Nas décadas de 1970 e 1980, autoridades apostaram na chamada “Trilha da Sardenha”. A hipótese envolvia amantes de Barbara Locci vindos da ilha italiana. Vários homens sardos foram presos, entre eles Francesco Vinci e Salvatore Vinci.

Quando novos assassinatos ocorreram enquanto os suspeitos estavam atrás das grades, a tese ruiu. O episódio expôs falhas graves da investigação, como coleta precária de provas e vazamentos para a imprensa.

Principais suspeitos que acabaram inocentados

Pietro Pacciani, o fazendeiro julgado duas vezes

Em 1994, Pietro Pacciani foi condenado pelos 16 homicídios. Dois anos depois, o veredito foi anulado por falta de evidências físicas, e ele morreu em 1998 antes de novo julgamento. Mesmo livre da acusação, seu nome virou sinônimo de pânico nos noticiários.

Giancarlo Lotti e Mario Vanni, cúmplices controversos

Apontados como parceiros de Pacciani, Lotti e Vanni chegaram a confessar participação. Contudo, as declarações de Lotti foram consideradas contraditórias, e o tribunal concluiu que não havia conexão direta com todos os assassinatos.

Mitos, lendas e teorias conspiratórias

Sem respostas concretas, o caso O Monstro de Florença virou terreno fértil para especulações. Surgiram suposições de seitas, sociedades secretas e até de uma rede de influentes que encomendaria crimes por motivos sexuais.

O promotor Giuliano Mignini, mais tarde famoso pelo processo Amanda Knox, foi um dos nomes que apostaram em ligações demoníacas. Ele chegou a relacionar a morte do médico Francesco Narducci (1985) a sacrifícios. Nenhuma prova robusta sustentou suas teorias, e Mignini recebeu críticas por abuso de autoridade, embora a condenação tenha sido anulada.

Série da Netflix reacende a curiosidade global

Dirigida por Stefano Sollima e escrita com Leonardo Fasoli, a produção “Il Mostro” evita apontar um culpado. Cada capítulo acompanha um suspeito e mostra como a investigação desmoronou vidas e instaurou paranoia coletiva.

Sollima declarou que retratou a Itália das décadas de 1960 a 1980 como um espelho de suas próprias falhas: machismo, violência estrutural e medo social. O resultado? A minissérie alcançou o topo mundial da Netflix e impulsionou novamente a busca pelo termo “O Monstro de Florença”.

Por que o mistério permanece sem solução?

Quase 40 anos após o último ataque, a polícia nunca encontrou a Beretta usada nos crimes. A cena do crime era frequentemente contaminada por curiosos, e técnicas forenses da época não permitiam análises de DNA confiáveis.

Atualmente, arquivos, balas e relatórios repousam em gavetas de tribunais italianos. De tempos em tempos, investigadores sugerem revisitar o caso com tecnologia moderna, mas a burocracia e a falta de material intacto dificultam avanços.

O legado do Monstro de Florença

A tragédia transformou a percepção de segurança na Itália, influenciou obras de ficção e ressaltou a importância de procedimentos forenses rigorosos. Para o público, fica a inesgotável fascinação por histórias reais — principalmente quando a verdade continua fora de alcance.

Enquanto a minissérie da Netflix permanece entre as mais vistas, o enigma do Monstro de Florença segue vivo, alimentando debates, livros e podcasts. Se um dia surgirá uma resposta definitiva? Ainda não se sabe. Por ora, resta aos curiosos mergulharem nos arquivos e maratonar a série, sempre lembrando que, por trás da tela, existiram vítimas reais e perguntas sem resposta.

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