Guillermo del Toro voltou a falar sobre um dos capítulos mais difíceis de sua carreira. Em entrevista recente, o cineasta afirmou que conviver com Harvey e Bob Weinstein durante as filmagens de Mimic, de 1997, foi mais traumático que o sequestro de seu próprio pai.
A declaração forte veio à tona no Contenders Film: Los Angeles, evento promovido pelo Deadline. Del Toro comparou as duas experiências e não teve dúvidas ao apontar qual delas o marcou de forma mais negativa.
Diretor relembra experiência extrema com os Weinstein
Questionado sobre qual situação foi pior, Guillermo del Toro foi direto: “Os Weinstein, sem dúvida”. O diretor explicou que, ao lidar com os sequestradores de seu pai, ao menos entendia o que eles queriam — dinheiro pelo resgate. Já no caso de Harvey e Bob Weinstein, segundo ele, não havia clareza sobre as intenções da dupla nos bastidores de Mimic.
A hostilidade durante a produção incluiu interferências constantes, corte de cenas e pressão criativa. Para del Toro, todo esse processo foi “tão horrível” que quase o fez desistir de trabalhar com cineastas norte-americanos. Aqui no 365 Filmes você confere os principais pontos dessa fala que repercutiu em Hollywood.
Entrevista no Contenders Film: Los Angeles
O comentário aconteceu durante um painel do Contenders Film: Los Angeles, realizado neste fim de semana. Del Toro respondia a perguntas sobre os altos e baixos de sua trajetória quando citou, espontaneamente, a convivência com os irmãos Weinstein.
Com voz calma, o mexicano ironizou: “Pelo menos com os criminosos eu sabia o que estavam buscando. Com os Weinstein, quem podia adivinhar?”. A plateia reagiu com surpresa, e o tema dominou a conversa até o final do painel.
Lembranças de um set conturbado
Guillermo del Toro e Harvey Weinstein entraram em choque repetidas vezes durante as filmagens de Mimic. Relatos da época indicam que o produtor chegava a invadir a sala de edição para alterar o corte final. Bob Weinstein, copresidente da Miramax, também participava das discussões.
O diretor afirmou que a pressão criativa resultou em noites sem dormir, atrasos no cronograma e um clima pesado entre equipe e elenco. Para ele, a sensação de insegurança artística era constante, algo que “não fazia sentido” quando comparado ao sequestro, que tinha um objetivo explícito.
Declarações anteriores reforçam desconforto
Não é a primeira vez que o cineasta usa palavras duras ao falar dos irmãos Weinstein. Durante o BFI London Film Festival, em 2017, enquanto promovia A Forma da Água, ele já havia chamado a parceria de “experiência que quase encerrou” sua relação com Hollywood.
O sequestro de Federico del Toro em 1997
Na mesma década em que rodava Mimic, Guillermo del Toro enfrentou um drama pessoal. Seu pai, Federico del Toro, foi sequestrado em Guadalajara, no México, e mantido em cativeiro por 72 dias. A família pagou resgate, e Federico foi libertado sem ferimentos graves.
Imagem: Imagem: Divulgação
Depois do episódio, o diretor e os parentes decidiram deixar o país. Em declarações recentes, del Toro conta que ainda sente dificuldade para retornar ao México devido ao trauma. O sequestro, segundo ele, redefiniu sua relação com a terra natal.
Mudança definitiva para os Estados Unidos
Com a segurança em primeiro lugar, o cineasta optou por fixar residência nos Estados Unidos. Esse deslocamento coincidiu com a consolidação de sua carreira internacional, que mais tarde renderia prêmios como o Oscar por A Forma da Água, em 2018.
Projetos atuais e menção a Frankenstein
A agenda do diretor segue cheia. Seu novo projeto, uma adaptação pessoal de Frankenstein, já está disponível para streaming na Netflix, marcando mais um passo na parceria do cineasta com a plataforma.
Além disso, del Toro continua desenvolvendo animações e longas em live-action, sempre com a marca registrada de criaturas fantásticas e narrativas sombrias.
Dados pessoais do cineasta
- Nome completo: Guillermo del Toro Gómez
- Data de nascimento: 9 de outubro de 1964
Repercussão em Hollywood
As novas declarações alimentam debates antigos sobre a forma de atuação dos irmãos Weinstein, principalmente de Harvey, condenado por crimes sexuais em 2020. Membros da indústria voltam a discutir práticas abusivas nos bastidores e a importância de ambientes de trabalho seguros.
Para Guillermo del Toro, reviver essas lembranças não parece fácil, mas ele segue usando a própria voz para descrever o que viveu. Na entrevista ao Deadline, o diretor concluiu que, ainda que dolorosos, esses episódios moldaram sua visão de carreira e de vida.
O caso relembra que, mesmo em meio ao glamour, Hollywood carrega histórias de conflitos intensos. A fala do diretor mexicano reforça a necessidade de mudanças estruturais, para que futuros profissionais não precisem escolher entre a arte e o respeito no local de trabalho.
