No fim da primeira temporada de Tremembé, os roteiristas mantêm o tom de provocação que marcou toda a série. O episódio acompanha a saidinha temporária concedida aos detentos, revelando o choque entre a busca por liberdade e a sombra dos crimes que cometeram.
Cada personagem segue um caminho diferente fora da penitenciária, mas todos esbarram no mesmo dilema: viver em sociedade quando a opinião pública já os condenou. A produção do Prime Video encerra o ciclo deixando claro que, para essas figuras, a liberdade segue sendo só uma palavra.
Saída temporária dita o ritmo do final de Tremembé
O ponto de partida do final de Tremembé é a liberação de vários detentos para alguns dias longe das celas. A sequência retrata a expectativa por recomeços e, ao mesmo tempo, o medo de repetir velhos padrões. A atmosfera é de transição, com diálogos curtos e silenciosos que enfatizam a incerteza de cada passo.
Sem narrador ou explicações externas, o episódio confia nas ações dos personagens para mostrar como a fama criminal impacta qualquer tentativa de reinserção social. O resultado é um retrato seco e objetivo do retorno à liberdade, ainda que temporária.
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá enfrentam desgaste
Longe dos portões da prisão, o casal tenta resgatar a relação conjugal. A rotina doméstica expõe fissuras profundas, sugerindo que o vínculo já não se sustenta. Nos bastidores, a produção faz referência discreta ao fato de que, fora da ficção, ambos não mantêm mais o relacionamento.
Os diálogos são curtos, tensos e repetem o clima de desconfiança que marcou o crime que os tornou conhecidos. Nada aponta para reconciliação duradoura, reforçando o tom definitivo do rompimento.
Família de Anna cuida dos filhos
A série confirma, em poucas falas, que os filhos do casal permanecem sob os cuidados da família materna. A menção rápida sublinha o distanciamento afetivo e jurídico que envolve a relação de pais e filhos após anos de repercussão do caso.
Suzane von Richthofen tenta nova rotina longe dos holofotes
Durante a saidinha, Suzane encontra o namorado evangélico e ensaia uma vida comum. O rapaz, porém, demonstra desconforto com a atenção em torno do caso, o que cria atritos desde o primeiro encontro. Esse desgaste cresce até um culto religioso que sela o destino de Suzane no episódio.
Nesse ponto, o final de Tremembé mostra como a ex-detenta utiliza o discurso de fé para ganhar empatia. Ainda assim, as regras da saída temporária são quebradas, provocando a volta dela à delegacia e, depois, à penitenciária.
Reincidência e acusações ao sistema
Ao ser reconduzida à prisão, Suzane alega perseguição. Ela afirma que outras presas cometem violações sem punição semelhante. O diálogo ressalta a dificuldade da personagem em assumir responsabilidades, elemento recorrente desde o primeiro episódio.
Cristian Cravinhos se vê entre aparências e recaídas
Logo no início do capítulo, Cristian decide terminar o relacionamento com o namorado e adota uma postura de “vida normal” ao lado de uma nova parceira. Esse movimento, porém, dura pouco. Ao sair para um bar à noite – violando as condições da saidinha – ele bebe, flerta e é flagrado pela companheira, gerando um escândalo público.
Na tentativa de escapar da volta imediata ao sistema, ele tenta subornar dois policiais oferecendo dinheiro e a própria moto. O suborno falha, e o personagem acaba detido novamente, agora podendo somar até quatro anos de pena.
Elize Matsunaga aceita exposição mediática
A ex-funcionária se mostra calculista ao preparar a gravação de um documentário sobre o próprio crime. A montagem destaca momentos de frieza e instantes de aparente remorso, contrastando culpa e pragmatismo. Durante a saída, Elize mantém discrição, mas o foco no projeto revela como ela transforma a tragédia em narrativa pública.
Imagem: Prime Video.
O roteiro evita julgamentos e investe em planos fechados que evidenciam a dualidade emocional da personagem, algo crucial para o recorte dramático do episódio.
Sandrão tropeça no estigma do passado
Buscando renda, Sandrão tenta vender máquinas de costura. No entanto, os recibos levam o nome de Suzane von Richthofen, afastando possíveis compradores. A recusa do mercado simboliza o peso da condenação social. Mesmo em liberdade, o rótulo de Tremembé segue marcando cada passo.
Esse trecho reforça o tema principal do final de Tremembé: a dificuldade de recuperação de quem ficou conhecido nacionalmente por crimes violentos.
Roger Abdelmassih vive ironia amarga em hospital
O ex-médico finge problemas de saúde para garantir transferência a uma clínica confortável. O pedido é atendido, mas ele acaba numa ala psiquiátrica movimentada por pacientes considerados perigosos. O choque rende momentos de humor ácido, coroado pela expressão de horror ao perceber o erro.
Ao insistir que seja chamado de “doutor”, Roger expõe a vaidade que sobrevive à queda. A cena sintetiza a ironia do roteiro: mesmo doente, ele não controla mais o próprio destino.
Golpe final e retorno à penitenciária
Na reta final, Suzane é convidada a testemunhar num culto, quebra as regras e é presa outra vez. De volta à cela, demonstra indiferença ao namorado, indicando que sua influência emocional sobre ele diminuiu. Pouco depois, ela sofre um golpe de agressor não identificado dentro da prisão.
A câmera se aproxima lentamente; Suzane sangra no chão antes de a tela escurecer. Sem revelar o autor da agressão, o episódio deixa a violência no ar, preservando o suspense para uma possível segunda temporada.
Todos regressam a Tremembé
Com a saidinha encerrada, Alexandre, Anna, Cristian, Elize, Sandrão, Suzane e Roger voltam às celas. O roteiro fecha o círculo temático: a liberdade concedida não passa de uma pausa curta, e o peso do passado continua inescapável.
Liberdade como ilusão permanente
O final de Tremembé reforça que, mesmo fora das grades, a identidade de cada personagem é inseparável do crime que cometeu. A ambientação sombria apoia a mensagem de que a sociedade não oferece esquecimento rápido para figuras públicas envolvidas em casos de grande repercussão.
Produzida pelo Prime Video, a série termina com clima aberto, deixando espaço para extensão da trama. Para o leitor do 365 Filmes, fica o registro fiel de cada evento, sem conclusões morais, apenas os fatos que o último episódio apresentou.
