São Paulo voltou a inspirar Hollywood. A capital paulista passou, nesta semana, a abrigar as primeiras cenas de O Azarão (Dark Horse), longa-metragem que pretende retratar a trajetória de Jair Bolsonaro sob uma ótica heroica. A produção estrangeira, cercada de sigilo, já provoca discussões acaloradas nas redes.

Enquanto curiosos se aglomeram em frente ao set, profissionais do cinema analisam como o longa pode mexer com o mercado e com a política brasileira. O site 365 Filmes acompanha cada etapa das gravações para manter o público por dentro das novidades.

Primeira claquete no Hospital Indianópolis

A equipe abriu oficialmente as filmagens no Hospital Indianópolis, na zona sul paulistana. A escolha do prédio não ocorreu por acaso. No roteiro, o local recria o momento em que Bolsonaro foi hospitalizado após o atentado a faca, em 2018, durante a campanha presidencial.

Carros de produção, equipamentos de iluminação e seguranças tomaram conta da rua nas madrugadas de gravação. Moradores relataram barulho, mas também disseram estar curiosos para ver como o episódio será transferido para a tela.

Roteiro inspirado em ‘Capitão do Povo’

O ponto de partida do projeto é um texto do ex-secretário de Cultura Mario Frias, batizado de Capitão do Povo. A história, creditada como “baseado em fatos reais”, descreve Bolsonaro como um outsider resiliente, que supera obstáculos políticos e pessoais até chegar ao Palácio do Planalto.

Narrativa com tom de epopeia

Trechos obtidos pela imprensa indicam falas idealizadas e instruções de cena que reforçam o protagonismo heroico do ex-presidente. Em uma das passagens, uma repórter afirma “Você não é um homem mau”, e o personagem responde apenas “Obrigado”, numa tentativa de construir aura de mártir.

Equipe mistura talentos do Brasil e do exterior

O elenco une atores americanos e latino-americanos. Edward Finlay, visto em Batalhão 6888, assume o papel de Eduardo Bolsonaro. Sergio Barreto interpreta Carlos Bolsonaro, enquanto Marcus Ornellas, brasileiro com carreira consolidada nas novelas mexicanas, dá vida a Flávio Bolsonaro.

Quem será Jair Bolsonaro?

O nome do ator escalado para viver o protagonista segue em sigilo absoluto. A estratégia alimenta especulações nas redes sociais e garante publicidade espontânea ao projeto.

Produção associada a nomes do cinema conservador

Nos bastidores, fontes ligam o filme ao produtor mexicano-americano Eduardo Verástegui, responsável por Som da Liberdade, sucesso de bilheteria entre o público conservador dos Estados Unidos. A ligação reforça a inclinação ideológica do projeto.

A direção é assinada por Cyrus Nowrasteh, cineasta de origem iraniana conhecido por obras como O Apedrejamento de Soraya M. e O Jovem Messias. Nowrasteh costuma abordar fé, moral e política em tom direto, característica que dialoga com o roteiro de O Azarão.

Locações no Brasil e nos Estados Unidos

Apesar de São Paulo abrir as filmagens, a produção também prevê sets em diferentes cidades norte-americanas, entre elas regiões da Flórida, onde Bolsonaro permaneceu após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023.

Caráter internacional

Com cenários nos dois países, os produtores buscam atrair público latino-americano e conservadores norte-americanos, ampliando o alcance comercial do longa.

Expectativa de lançamento e possível impacto

Ainda sem data oficial, o estúdio trabalha com 2026 como período provável de estreia — ano em que o Brasil volta às urnas para escolher presidente. Se o cronograma vingar, a coincidência pode maximizar a repercussão política do filme.

Fontes do setor acreditam que O Azarão deve seguir a mesma estratégia de distribuição de Som da Liberdade, privilegiando salas independentes, circuitos alternativos e plataformas de streaming alinhadas ao público conservador.

Reações divididas

Desde o anúncio, defensores de Bolsonaro celebram a produção como forma de exaltar a trajetória do ex-presidente. Por outro lado, críticos acusam o longa de reescrever eventos recentes com viés panfletário. A polarização, no entanto, garante visibilidade gratuita à obra.

Com filmagens a todo vapor, O Azarão promete permanecer no centro das conversas — não apenas entre cinéfilos, mas também entre quem acompanha de perto os bastidores da política brasileira. Resta saber se o resultado final atenderá às altas expectativas geradas desde a primeira claquete.

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