Ivy e Theo Rose, vividos por Olivia Colman e Benedict Cumberbatch, finalmente chegaram às telas domésticas. A comédia dramática The Roses acaba de estrear em formato digital e, em 20 de novembro, aterrissa no streaming da Hulu e do Disney+. A produção reacende um clássico de 1989, mas troca a ordem dos fatores: agora é ela quem brilha na carreira, enquanto ele tenta se reencontrar.

Durante um evento gastronômico em Santa Monica, o diretor Jay Roach conversou com jornalistas e detalhou decisões criativas que envolvem tigelas voando e bolos despedaçados. Segundo o cineasta, transformar comida em munição não foi mero espetáculo; foi metáfora para um casamento que perdeu a doçura. O resultado? Uma briga de sabores que faz o público salivar e se contorcer ao mesmo tempo.

Comida que aquece também pode ferir

Roach contou que a ideia de recorrer a confrontos culinários nasceu do próprio roteiro assinado por Tony McNamara. A profissão de Ivy, dona de um restaurante em ascensão, coloca pratos no centro da tensão conjugal. Para o diretor, poucas coisas simbolizam tanto carinho quanto uma refeição compartilhada. Por isso mesmo, ver esse símbolo virar projétil deixa a crise conjugal ainda mais pungente.

“Quis mostrar o instante em que algo acolhedor escapa do controle e vira arma”, resumiu o cineasta. Segundo ele, jogar comida permite romper a “cola” da civilidade e revelar o que há de mais bruto entre duas pessoas que se amam, mas não sabem mais como dialogar. O público, garante Roach, sente uma catarse curiosa: ri, se choca e, de certa forma, compreende o alívio momentâneo dos personagens.

A culinária como metáfora de poder

Em The Roses, o sucesso gastronômico de Ivy cresce na mesma proporção em que a carreira de Theo, um arquiteto premiado, desmorona depois de um revés público. Enquanto ela atrai clientes e elogios, ele se recolhe para cuidar dos filhos. Essa inversão de papéis, comum a muitos casais contemporâneos, virou fio condutor da narrativa.

A comida, por sua vez, passou a simbolizar a nova dinâmica de poder. Conquistas culinárias representam a força de Ivy, e cada prato lançado ao ar evidencia o conflito entre ambição e afeto. Para Roach, “o mesmo elemento que deveria uni-los torna-se o estopim do embate”.

Da cozinha para a terapia de casal

O filme não abandona o humor ácido, mas se afasta da brutalidade vista em “A Guerra dos Roses”, longa de Danny DeVito. Em vez de levar a destruição ao limite, Roach preferiu manter uma fresta de esperança. A casa erguida por Theo não chega a ruir por completo, pois simboliza tanto o orgulho dele quanto a possibilidade de recomeço, ainda que frágil.

Olivia Colman, descrita pelo diretor como “verdadeira amante da gastronomia”, mergulhou no papel com entusiasmo. Cumberbatch, por sua vez, equilibra arrogância e vulnerabilidade, permitindo que o espectador antecipe sua queda sem deixar de torcer por alguma recuperação. Essa química, reforçada pelo roteiro espirituoso de McNamara, garante diálogos afiados e pratos voando de forma quase coreografada.

Diretor de “The Roses” revela por que a comida se transforma em arma no novo filme - Imagem do artigo original

Imagem: Imagem: Divulgação

Comparações inevitáveis, escolhas diferentes

Ao revisitar o romance de Warren Adler, a equipe de The Roses encarou o desafio de não “competir” com o material de 1989. Na visão de Roach, repetir o grau de destruição da obra original soaria apenas como espetáculo. Em vez disso, ele e McNamara buscaram inspiração em narrativas como “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, focadas em casais em guerra emocional, mas sem esquecer da possibilidade de reconciliação.

Essa abordagem, mais centrada nos sentimentos do que nos destroços, torna a trama familiar para quem acompanha novelas e doramas, público-alvo fiel do portal 365 Filmes. Ao mesmo tempo, mantém a marca de humor sombrio que conquistou plateias nos anos 1980, agora temperada com reflexões sobre carreira, ego e sacrifício dentro do casamento.

Lançamento digital e bastidores

Disponível desde esta semana em plataformas de compra e aluguel, The Roses chega ao streaming em 20 de novembro, consolidando a estratégia de lançamento faseado. A versão dirigida por Jay Roach tem data de estreia nos cinemas marcada para 29 de agosto de 2025, ampliando o alcance da história para diferentes janelas de exibição.

Nos créditos, além de Roach, aparecem nomes como Michelle Graham, Adam Ackland e Ed Sinclair na produção. O elenco reúne ainda Camilla Arfwedson, Dan Stevens e Harriet Walter em participações que acrescentam camadas ao conflito central. Cada diálogo, cada utensílio atirado e cada olhar atravessado foi pensado para colocar o espectador dentro de uma batalha doméstica que parece tão absurda quanto possível.

Por que assistir agora?

Com pouco mais de duas horas, The Roses oferece humor ácido, crítica social e cenas de dar água na boca — e calafrios. A mistura de tensão conjugal, pratos requintados e alvoroço na cozinha cria um espetáculo que prende a atenção do início ao fim. Quem busca dramas familiares intensos, típicos de novelas, encontrará camadas suficientes para se identificar. Já os fãs de humor negro apreciarão a ousadia dos diálogos e a rebeldia gastronômica.

No fim, a receita escolhida por Jay Roach combina o tempero da ironia com a doçura desconfortável de um bolo despedaçado. Tudo isso faz de The Roses uma aposta certeira para quem quer rir — e refletir — sobre o que acontece quando o amor perde o paladar.

Sou redator especializado em conteúdo de entretenimento para o mercado digital. Desde 2021, produzo análises, dicas e críticas sobre o mundo do entretenimento, com experiência como colunista em sites de referência.

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