Boromir sempre surge na memória dos fãs como o membro mais desconfiado da Sociedade do Anel. Entre tentativas de tomar o Um Anel e discussões com Frodo, ele parecia caminhar para o papel de antagonista interno.

No entanto, detalhes de sua trajetória antes dos eventos de A Sociedade do Anel revelam uma figura muito mais complexa. Conhecer essas passagens altera a forma como enxergamos o guerreiro de Gondor e, por extensão, aprofunda o drama criado por J.R.R. Tolkien.

Infância marcada por perdas e pressão

Boromir era o primogênito de Denethor, Regente de Gondor, e conheceu a dor cedo: sua mãe morreu quando ele tinha apenas dez anos. A tragédia familiar reforçou a cobrança do pai, que passou a tratá-lo como símbolo de esperança em meio às ameaças de Mordor.

Além disso, o nascimento de Faramir, seu irmão mais novo, trouxe outro peso. Enquanto Denethor valorizava apenas as conquistas do primogênito, Boromir insistia para que Faramir recebesse reconhecimento. Esse contraste deixa claro por que o guerreiro desenvolveu senso de responsabilidade quase inquebrável.

Anos de batalha moldaram sua visão sobre o Um Anel

Quando os filmes começam, Boromir já acumula incontáveis campanhas nas fronteiras de Gondor. Ele viu soldados e civis caírem diante de orcs, Nazgûl e outras forças sombrias. Cada perda reforçava a impressão de que o reino estava em queda livre.

Nesse contexto, a simples possibilidade de usar o Um Anel como arma parecia solução concreta. Arriscar a própria alma para proteger minas, muralhas e povoados soava legítimo. Por isso, diante de Elrond, Boromir defendeu a ideia de empunhar o artefato, mesmo sabendo do risco de corrupção.

O sonho que alimentou a urgência

Presságio do céu a leste

Boromir mencionava ter sonhado com o “céu oriental escurecendo” e um pressentimento de fim iminente. Para ele, aquilo era sinal de que restava pouco tempo para salvar Gondor. O sonho convergia com a escalada de ataques às fronteiras, reforçando a crença de que qualquer recurso — sobretudo o Anel — era válido.

Relação com os Hobbits evidencia seu caráter

Mesmo carregando essa urgência, Boromir demonstrou empatia incomum pelos Hobbits. Nos acampamentos, ele ensinava Merry e Pippin a manejar espadas, algo raro para guerreiros de sua estatura. A cena em que os dois o derrubam durante um treino termina em gargalhadas, não em broncas.

Após a queda de Gandalf em Moria, o grupo queria partir de imediato. Boromir interviu, exigindo tempo para que os Pequenos pudessem lamentar o mago. O gesto reforça a ideia de que sua dureza era defesa, não indiferença.

História de Boromir em O Senhor dos Anéis mostra que ele não é o vilão que parece - Imagem do artigo original

Imagem: Imagem: Divulgação

O momento da tentação e a culpa imediata

Quando finalmente sucumbiu ao poder do Um Anel, Boromir tentou arrancá-lo de Frodo. A violência da cena contrasta com o arrependimento que veio segundos depois. Ao recobrar a lucidez, ele se deu conta de que quase ferira um companheiro inocente e desabou em lágrimas.

A culpa dominou o guerreiro, que passou a se considerar indigno de liderar qualquer batalha. Esse estado de espírito o acompanhou até a emboscada em Amon Hen, onde ele se redimiu com sangue.

Sacrifício final contra os orcs

Cercado por dezenas de uruk-hai, Boromir posicionou-se entre os inimigos e os dois Hobbits que tentava proteger. Mesmo atingido por flechas de Lurtz, líder dos invasores, continuou lutando até tombar. Para ele, defender Merry e Pippin era a forma de pagar a tentativa de tomar o Anel de Frodo.

Nos últimos instantes, pediu a Aragorn que salvasse seu povo e admitiu ter falhado. O lamento reforça o ponto central: Boromir nunca buscou poder pessoal. Sua motivação era, desde a infância, a salvação de Gondor.

Por que Boromir merece outra leitura

A trajetória mostra que fraqueza não define o guerreiro, mas sim os sacrifícios que ele assumiu. Ao revelar camadas de trauma, amor fraterno e coragem, a história de Boromir ganha contornos de tragédia clássica. Ele errou, mas morreu como herói.

Para quem acompanha 365 Filmes, revisitar esses detalhes acrescenta dramaticidade às cenas vistas em A Sociedade do Anel. Também ajuda a entender por que muitos leitores e espectadores consideram Boromir um dos personagens mais humanos criados por Tolkien.

Principais participações de Boromir nas telas

  • O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001)
  • O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002) — flashbacks e lembranças
  • O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003) — cenas estendidas
  • A animação The Lord of the Rings (1978)

Interpretado por Sean Bean nos longas de Peter Jackson, Boromir se tornou símbolo de bravura e ambiguidade moral, lembrado tanto pela queda quanto pelo ato heroico que encerrou sua jornada.

Sou redator especializado em conteúdo de entretenimento para o mercado digital. Desde 2021, produzo análises, dicas e críticas sobre o mundo do entretenimento, com experiência como colunista em sites de referência.

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