Assistir a um mesmo filme cinco vezes não é tarefa fácil, mas alguns longas conquistam espaço cativo no calendário de quem ama cultura pop. É o caso de The Batman, dirigido por Matt Reeves e estrelado por Robert Pattinson, que voltou a dominar muitas maratonas de Halloween.
A produção da Warner estreou em março de 2022 e, desde então, ganhou status de “revisita obrigatória” entre fãs de quadrinhos. A seguir, veja dez detalhes que seguem provocando arrepios e conquistando novos públicos toda vez que o play é apertado.
A chegada do “Eu sou a Vingança”
A sequência no metrô, onde um grupo de criminosos teme cada sombra até que as botas do Cavaleiro das Trevas ecoam no escuro, virou padrão-ouro para introduções de super-heróis. O discurso interno de Bruce Wayne abre espaço para um confronto brutal que culmina com a frase “Eu sou a vingança”, leitmotiv que permeia todo o roteiro.
Além de posicionar um Batman mais jovem e colérico, o momento estabelece o tom sombrio de Gotham e prepara o espectador para quase três horas de investigação e adrenalina.
O retorno do detetive número um
The Batman entrega a faceta investigativa do personagem com destaque raramente visto no cinema. Pattinson observa a cena do crime antes da polícia, cruza pistas deixadas pelo Charada e demonstra raciocínio analítico afiado, honrando o título de “Maior Detetive do Mundo”.
Esse foco contrasta com filmes anteriores, nos quais a competência investigativa ficava em segundo plano, e reforça a proposta de thriller policial sustentada por Reeves.
A trilha com “Something in the Way”
Escolher a melancólica faixa do Nirvana para abrir e encerrar a obra foi decisão certeira. A canção dialoga com a fotografia escura e com a trilha instrumental de Michael Giacchino, tornando-se quase um tema oficial desta versão do herói.
Assim como “Come and Get Your Love” se colou ao Senhor das Estrelas, “Something in the Way” se fundiu à identidade de The Batman e dificilmente poderá ser dissociada em futuras continuações.
Um Bruce Wayne ainda em construção
Pattinson interpreta um bilionário que, após dois anos de combate ao crime, ainda não domina por completo sua raiva. Sem persona de playboy, o personagem se isola na torre Wayne e evita aparições públicas, para desespero de Alfred.
Ver um herói falho, cometendo erros e aprendendo com eles, torna a jornada mais humana e cativa quem procura complexidade psicológica em adaptações de HQ.
A Torre Wayne e o Batcaverna subterrâneo
Esqueça o tradicional casarão nos arredores da cidade. Aqui, o QG fica em um arranha-céu gótico no coração de Gotham, ligado a um terminal ferroviário abandonado que funciona como Batcaverna. A ambientação reforça o clima urbano decadente e posiciona Bruce acima da metrópole que tenta salvar.
A integração entre torre e rede de túneis adiciona verossimilhança: o herói se desloca pelas entranhas da cidade, reforçando o subtexto de que Gotham é tão personagem quanto Batman.
Imagem: Sime Ashmoore
O rugido do Batmóvel
Quando o motor turbinado do muscle car adaptado ronca pela primeira vez, todos na cena congelam. A perseguição que se segue, culminando na explosão e no salto através das chamas, rivaliza com estreias famosas como a do Tumbler de Batman Begins.
A câmera invertida mostrando o Pinguim encarando o Cavaleiro das Trevas caminhando em meio ao fogo já é considerada imagem icônica da filmografia do personagem.
Charada, o espelho sombrio de Bruce
Interpretado por Paul Dano, Edward Nashton é apresentado como órfão moldado pela mesma cidade corrupta que traumatizou Bruce. Ambos buscam justiça por meio do medo, mas divergem quanto aos limites morais.
Esse paralelo aprofunda o conflito: não é apenas Batman contra o vilão, mas Batman contra o que poderia ter se tornado caso escolhesse outro caminho.
O blefe sobre a identidade secreta
Na HQ, o Charada chega a descobrir quem veste o capuz. No filme, Reeves brinca com essa expectativa: preso no Asilo Arkham, Nashton pronuncia “Bruce” repetidamente, sugerindo que ligou os pontos. Entretanto, logo fica claro que ele não sabe quem está diante dele, apenas lamenta que Wayne tenha escapado de sua lista.
O plot twist funciona porque se apoia no conhecimento prévio dos fãs e subverte a lógica sem recorrer a artifícios externos.
Colagem de clássicos dos quadrinhos
A narrativa bebe de fontes variadas sem copiar uma específica. A ambientação no segundo ano de carreira lembra Year One; o enfoque no crime organizado e a data de Halloween remetem a The Long Halloween; já a dúvida sobre a identidade de Batman conversa com Hush.
Essas referências ficam evidentes para leitores experientes, mas o enredo se sustenta sozinho, oferecendo experiência inédita a quem nunca abriu uma revista.
Um final que abre caminho para o futuro
Após a inundação, Batman empunha um sinalizador vermelho e guia vítimas até a segurança, indicando transição de vingador para símbolo de esperança. Ao mesmo tempo, o poder vago deixado pelo crime organizado sugere ascensão do Pinguim, e o Charada faz “amizade” com um preso sorridente na cela ao lado.
Esses ganchos alimentam expectativas para The Batman – Part II, previsto para 2027, e garantem que as próximas maratonas cinematográficas, tradicionais aqui no 365 Filmes, continuem com espaço reservado para essa versão sombria de Gotham.
