“Como um Relâmpago”, produção limitada da Netflix, transforma em drama o chocante assassinato de James A. Garfield, 20º presidente dos Estados Unidos. A série, inspirada no livro “Destiny of the Republic”, de Candice Millard, estreia com a promessa de recuperar um capítulo pouco lembrado da política americana.

Garfield governou somente quatro meses antes de ser baleado em Washington, em 1881. A narrativa, baseada em fatos, mostra como a trajetória meteórica do líder republicano terminou em tragédia provocada por um atirador que afirmava agir em nome de Deus.

Minissérie revive atentado que abalou os EUA

“Como um Relâmpago” (título original “Death by Lightning”) reconstitui o ataque ocorrido em 2 de julho de 1881, dentro da estação ferroviária da capital americana. Na ocasião, Garfield foi atingido por dois disparos feitos por Charles Guiteau, um advogado fracassado e mentalmente instável.

O roteiro acompanha as horas que antecederam o crime, os momentos de pânico na estação e a caçada imediata ao agressor. Também detalha o choque nacional provocado pela violência contra um presidente recém-empossado, algo inédito até então na história dos Estados Unidos.

Quem foi James A. Garfield

Da cabana de madeira à Casa Branca

Nascido em 1831, em Orange Township, Ohio, Garfield cresceu em uma simples cabana de madeira, tornando-se o último presidente norte-americano com origem tão modesta. Para bancar os estudos, trabalhou em barcos de canal e, mais tarde, formou-se em letras clássicas.

Brilhante orador, ingressou na política estadual em 1859 e serviu como general da União durante a Guerra Civil. Após o conflito, passou quase 20 anos no Congresso. Em 1880, compareceu à convenção republicana como apoio a outro candidato, mas acabou escolhido como consenso do partido, vencendo a eleição por pequena margem.

O atirador e seus delírios

Charles Guiteau e o fanatismo político

Charles Julius Guiteau nasceu em 1841 e colecionou fracassos profissionais como jornalista, pregador itinerante e advogado. Autodeclarado seguidor da facção Stalwart, acreditava ter garantido votos decisivos para Garfield e, por isso, exigiu um cargo diplomático.

Ignorado pela Casa Branca, Guiteau convenceu-se de que Deus o designara para “salvar” o Partido Republicano eliminando o presidente. Na manhã de 2 de julho, esperou Garfield na Baltimore and Potomac Railroad Station e disparou duas vezes à queima-roupa. Ele foi preso no mesmo instante.

Tratamento equivocado agravou o quadro

Apesar de sobreviver aos tiros iniciais, Garfield sucumbiu a infecções geradas pelo atendimento médico da época. Sem técnicas de esterilização disseminadas, os cirurgiões inseriram instrumentos e dedos desinfetados no ferimento, provocando septicemia.

Durante quase três meses, o chefe de Estado alternou dores intensas, perda de peso e esperança nacional. Transferido para a costa de Nova Jersey em busca de ar puro, morreu em 19 de setembro de 1881, aos 49 anos. A morte, vista como evitável, gerou indignação no país.

Consequências que mudaram Washington

O assassinato acelerou a votação da Lei Pendleton, aprovada em 1883. A norma instituiu concursos e méritos como critérios para cargos federais, reduzindo o sistema de patronagem que sustentava facções políticas dentro do Partido Republicano.

O caso também reacendeu debates sobre segurança presidencial e saúde pública. Depois do episódio, protocolos de proteção a chefes de Estado foram revisados, e a medicina cirúrgica nos Estados Unidos passou a adotar com mais rigor práticas de assepsia já utilizadas na Europa.

Elenco e bastidores de Como um Relâmpago

Na minissérie, Michael Shannon interpreta James A. Garfield, enquanto Matthew Macfadyen assume o papel de Charles Guiteau. A produção é conduzida pelo showrunner Mike Makowsky, que declara querer “humanizar um presidente esquecido pela memória popular”.

Filmada em locações históricas e estúdios que reproduzem fielmente Washington do século XIX, “Como um Relâmpago” chega ao catálogo mundial da Netflix ainda este ano. No Brasil, a equipe de 365 Filmes destaca a expectativa de que o título atraia espectadores interessados em dramas políticos baseados em histórias reais.

“Como um Relâmpago” utiliza fotografia de tons sombrios e trilha sonora tensa para reforçar a atmosfera de urgência. Além disso, o roteiro investe na dualidade entre a ascensão relâmpago de Garfield e a espiral de loucura de Guiteau, oferecendo ao público uma perspectiva íntima de ambos os protagonistas.

No tribunal, cenas mostram o réu alegando insanidade e declarando-se enviado divino, mas o júri o condena à forca. Executado em junho de 1882, Guiteau manteve o discurso delirante até o último suspiro, completando um desfecho que a série retrata sem poupar detalhes.

Ao recontar esse episódio trágico, “Como um Relâmpago” reforça a ideia de que a política, às vezes, muda de rumo em questão de segundos. Assim como o próprio Garfield escreveu em um de seus diários, “o assassinato não pode ser evitado mais do que a morte por relâmpago” — frase que a produção recupera para dar nome ao projeto.

Sou formada em Marketing Digital e criadora de conteúdo para web, com especialização no nicho de entretenimento. Trabalho desde 2021 combinando estratégias de marketing com a criação de conteúdo criativo. Minha fluência em inglês me permite acompanhar e desenvolver materiais baseados em tendências globais do setor.

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