Quase duas décadas depois de atuarem juntos em Cavedweller e O Lenhador, Kevin Bacon e Kyra Sedgwick voltam a contracenar no longa The Best You Can. A produção, que estreia na Netflix em 25 de dezembro, mistura drama, comédia romântica e questões familiares.
Dirigido e roteirizado por Michael J. Weithorn, criador da série The King of Queens, o filme foca em personagens na chamada terceira idade e tenta atualizar o formato das tradicionais histórias de amor. O resultado reúne momentos doces e algumas escolhas narrativas que dividem opiniões.
Enredo explora romance tardio e conflitos familiares
Sedgwick interpreta Cynthia Rand, urologista bem-sucedida que vive em Nova York e é casada com Warren (Judd Hirsch), ex-investigador do escândalo Watergate. A rotina do casal se desestabiliza quando Warren apresenta sinais iniciais de demência, forçando Cynthia a repensar o relacionamento e a própria identidade.
Em paralelo, a casa da médica sofre um arrombamento. Na tentativa de reforçar a segurança, ela conhece Stan Olszewski (Kevin Bacon), ex-policial agora atuando como consultor privado. O contato profissional evolui para trocas de mensagens cada vez mais pessoais, expondo fragilidades e desejos de ambos.
Cynthia lida com a saúde do marido e a pressão da família
A protagonista tenta equilibrar o cuidado com Warren, a sobrecarga profissional e a interferência de parentes que subestimam seu sofrimento. Entre consultas médicas e visitas inesperadas, Cynthia se vê dividida entre a lealdade ao marido e o conforto encontrado no novo amigo.
Stan busca redenção e aproximação da filha
Do outro lado, Stan enfrenta frustrações de uma carreira que não decolou como ele esperava. Ele ainda tenta incentivar a filha Sammi (Brittany O’Grady) a vencer inseguranças para seguir a música, mas a relação dos dois transita de afeto a discussões constantes, nem sempre com naturalidade.
Química entre Bacon e Sedgwick sustenta o filme
Quando os protagonistas dividem cena, The Best You Can ganha força. A longa convivência fora das telas reflete em diálogos ágeis, olhares cúmplices e humor pontual. As conversas por mensagem aparecem na tela como balões de texto, enquanto narrações alternadas ajudam a situar o espectador sem alongar flashbacks.
Recursos narrativos aproximam o público
A dinâmica de shows de stand-up, cafés silenciosos e caminhadas pelo bairro cria uma atmosfera intimista. A câmera na mão valoriza emoções contidas, principalmente nos instantes em que Cynthia questiona o casamento ou Stan relembra o passado na polícia.
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Subtramas causam desequilíbrio de tom
Quando o roteiro se afasta do casal central, surgem oscilações. Os embates entre Stan e Sammi soam repetitivos, enquanto as cenas que exploram a deterioração de Warren tentam mesclar humor e sensibilidade, mas nem sempre encontram o ponto exato. O excesso de arcos paralelos deixa a trama fragmentada.
Direção alterna acertos e escolhas exageradas
Weithorn combina planos intimistas com filtros mais estilizados, buscando ritmo alto em algumas sequências e atmosfera clássica em outras. A transição brusca entre esses estilos, porém, pode tirar o espectador da imersão e reforçar a sensação de montagem irregular.
Elenco de apoio equilibra leveza e emoção
Brittany O’Grady aproveita o espaço para dar força a Sammi, especialmente nos momentos em que revela vulnerabilidade no palco. Meera Rohit Kumbhani, como a cuidadora Pramila Mahesh, traz humanidade às cenas em que Warren mostra lucidez, evitando caricaturas sobre demência.
Judd Hirsch, por sua vez, mantém o personagem dentro de limites realistas, combinando pequenas tiradas cômicas a lapsos de memória que sensibilizam sem apelar para o melodrama.
Ritmo apressado impacta mensagens centrais
Com 103 minutos, o longa precisa resolver vários conflitos em pouco tempo. Algumas transições parecem aceleradas, especialmente perto do desfecho, o que esvazia o impacto de decisões importantes. Ainda assim, a entrega emocional de Bacon e Sedgwick sustenta o interesse de quem busca uma história sobre segundas chances.
The Best You Can reúne doses de humor, reflexões sobre o envelhecimento e performances carismáticas. A partir de 25 de dezembro, assinantes da Netflix poderão conferir se o reencontro dessa dupla de longa data compensa as imperfeições do roteiro. O time do 365 Filmes já está de olho nessa estreia.
