“Se Não Tivesse Visto o Sol” chegou à Netflix carregando o peso de ser uma das apostas asiáticas mais ousadas do streaming. A Parte 1, já disponível, mergulha em um suspense sombrio que alterna passado e presente sem perder o ritmo.
A produção taiwanesa mistura thriller psicológico, romance trágico e toques sobrenaturais para contar a história de um serial killer e da documentarista que decide entrevistá-lo. O resultado prende a atenção do primeiro ao último minuto.
Enredo começa pelo fim e apresenta o Assassino da Tempestade
A trama abre com Li Jen-yao, condenado por assassinar dez pessoas sempre durante chuvas torrenciais. A mídia o apelidou de “Assassino da Tempestade”, mas ele nunca revelou o motivo dos crimes. O silêncio é quebrado apenas quando aceita conversar com Chou Pin-yu, jovem documentarista que vê no caso o tema perfeito para um projeto audiovisual.
O confronto entre entrevistador e entrevistado sustenta a tensão principal. Desde os primeiros diálogos, fica claro que há algo além da curiosidade profissional: uma ligação estranha, quase impossível de explicar, conecta os dois personagens centrais.
Sobrenatural surge como extensão do trauma
Quando Pin-yu passa a presenciar aparições de uma jovem morta dentro do próprio apartamento, o suspense alcança outra camada. As visões não funcionam como susto fácil: são silenciosas, simbólicas e carregadas de culpa. Elas indicam que as feridas deixadas pelos crimes de Jen-yao continuam abertas.
Esse recurso fantasmagórico transforma cada visita do espectro em pista para o quebra-cabeça que envolve vítima, assassino e cineasta. O elemento sobrenatural, portanto, reforça o peso emocional do enredo sem jamais dominar a narrativa.
Narrativa alterna 2007 e o presente para mostrar a origem dos crimes
Boa parte da força de “Se Não Tivesse Visto o Sol” vem da estrutura em dois tempos. No presente, acompanhamos Pin-yu coletando depoimentos para o documentário. Nos flashbacks ambientados em 2007, conhecemos Jen-yao adolescente, isolado em um lar disfuncional e marcado por violências psicológicas.
É nesse recorte temporal que surge Chiang Hsiao-tung, dançarina por quem o jovem se apaixona. A relação deles vira o coração emocional da série, mostrando dois adolescentes tentando se apoiar enquanto tudo ao redor parece desmoronar. A escolha de exibir o passado humaniza o futuro assassino sem justificar seus atos.
A química do elenco sustenta o drama
Tseng Jing-hua interpreta Li Jen-yao e entrega um personagem complexo: frágil, ameaçador e digno de empatia em doses desconfortáveis. Cada gesto demonstra a tensão entre o menino perdido de 2007 e o criminoso frio que surge anos depois. Ao lado dele, Hsu Wu como Hsiao-tung exibe doçura e resistência, tornando o romance crível e doloroso.
Imagem: Divulgação.
Do outro lado da história, Tiffany Hsueh vive Pin-yu com firmeza, guiando o espectador por entrevistas intensas e visões perturbadoras. É por meio dela que as peças da investigação se encaixam, reforçando o impacto que os crimes ainda causam fora das grades.
Mistura de gêneros amplia o alcance da produção
A série não se limita ao rótulo de thriller. O roteiro injeta elementos de drama familiar, romance melancólico e horror psicológico, criando experiência multifacetada. Essa fusão de gêneros mantém o público alerta: a cada episódio surge uma nova camada a ser explorada.
Para fãs de narrativas asiáticas, o projeto reforça a estratégia da Netflix de apostar em histórias fora do eixo hollywoodiano. Para quem acompanha o 365 Filmes, vale notar como a plataforma tem dado espaço a vozes criativas de Taiwan, Coreia do Sul e Japão.
Parte 1 termina com sensação de que o pior ainda está por vir
Embora traga respostas sobre a motivação de algumas mortes, a primeira metade encerra com ganchos que indicam reviravoltas mais duras na Parte 2. As consequências das escolhas de Jen-yao e o trauma que cerca Pin-yu prometem ganhar novos contornos.
Sem apontar moral da história, “Se Não Tivesse Visto o Sol” deixa o espectador refletindo sobre culpa, memória e até onde a violência lateja no cotidiano de quem fica. A continuação ainda não tem data confirmada, mas a expectativa é de que mantenha a mesma ousadia narrativa.
Detalhes rápidos
- Título original: Se Não Tivesse Visto o Sol
- Origem: Taiwan
- Disponível em: Netflix
- Formato: série – Parte 1 liberada
- Gêneros: thriller psicológico, drama, sobrenatural, romance trágico
- Elenco principal: Tseng Jing-hua, Tiffany Hsueh, Hsu Wu
- Número de vítimas: 10, todas mortas durante fortes chuvas
Por que a produção merece atenção
Com roteiro que costura passado e presente, atuações marcantes e atmosfera carregada, “Se Não Tivesse Visto o Sol” se destaca no catálogo da Netflix. A série entrega suspense de qualidade sem abrir mão do drama humano, reunindo ingredientes que conquistam tanto quem busca investigação criminal quanto fãs de histórias sobrenaturais.
Enquanto a segunda parte não chega, a Parte 1 funciona como convite para mergulhar em um universo onde cada escolha traz consequências irreversíveis. Resta aguardar os próximos episódios para descobrir até onde a tempestade de Li Jen-yao é capaz de alcançar.
