A indústria do cinema vive um ciclo infinito de refilmagens e continuações. Anaconda, previsto para 24 de dezembro de 2025, mergulha nesse tema ao parodiar a própria lógica de Hollywood.
Dirigido por Tom Gormican, o longa reúne nomes como Jack Black, Paul Rudd e Thandiwe Newton para narrar a tentativa desastrada de um grupo de amigos de reinventar o cultuado terror de 1997. A seguir, entenda como essa produção brinca com o fenômeno dos remakes, mas nem sempre acerta o alvo.
Enredo: amigos apostam tudo em um “novo” Anaconda
No centro da trama está Doug McCallister (Jack Black), cinegrafista de casamentos obcecado por cinema. Ao lado do ator fracassado Griff (Paul Rudd), do demitido Kenny (Steve Zahn) e da recém-divorciada Claire (Thandiwe Newton), ele decide filmar uma releitura de Anaconda no interior do Brasil.
Griff aparece na festa surpresa de Doug com duas novidades: a última fita VHS de um curta que o grupo fez na adolescência e, surpreendentemente, os direitos de adaptação de Anaconda. Sem dinheiro e sem estúdio, eles partem para uma produção caseira, contando apenas com uma equipe enxuta e muita boa vontade.
A inesperada parceira brasileira
Já na Amazônia, o quarteto cruza o caminho de Ana (Daniela Melchior), aventureira que foge de criminosos e aluga a própria barco-casa para as filmagens. Ao longo do roteiro, pouco se revela sobre suas verdadeiras motivações até o terceiro ato, deixando lacunas que o filme tenta preencher com cenas de ação e humor.
Elenco: doses de carisma, mas espaço desigual
Jack Black mostra energia contida, diferente de seus papéis mais extravagantes, enquanto Paul Rudd mantém o charme habitual, apesar de piadas que se repetem — como seu bloqueio para urinar em banheiros públicos.
Steve Zahn rouba a cena com um Kenny atrapalhado e fiel aos amigos, arrancando risadas pelo jeitão desengonçado. Em contrapartida, Thandiwe Newton e Ione Skye ganham pouco tempo em tela, ficando restritas a papéis de apoio.
Personagens femininas subaproveitadas
Mesmo com nomes fortes no elenco, as personagens femininas não recebem arcos profundos. Ana até ganha momentos de ação, mas suas motivações permanecem vagas, enquanto Claire e Malie (Skye) servem principalmente como suporte emocional dos protagonistas.
Satira aos “legado sequels” de Hollywood
Anaconda filme assume tom metalinguístico ao tirar sarro de executivos que insistem em transformar qualquer propriedade intelectual em mina de ouro. A piada recorrente sobre a busca por “temas” — clima, luto, trauma geracional — ilustra a tentativa de dar camadas artísticas a projetos movidos, sobretudo, por lucro.
Em uma das melhores tiradas, Griff compara Doug a “um Jordan Peele branco” ao sonhar com prêmios para a futura produção. A provocação expõe o contraste entre ambição criativa e a realidade de um filme B improvisado na selva.
Imagem: Imagem: Divulgação
Humor nem sempre afiado
Apesar das ideias interessantes, boa parte das gags perde força por escrita irregular. A relação exagerada de um tratador com sua cobra, vivida por Selton Mello, rende poucos risos, e transições rápidas deixam pontas soltas, como a forma milagrosa com que Griff garantiu os direitos da franquia.
Aspectos técnicos: 99 minutos de altos e baixos
Com duração enxuta, a produção avança rapidamente até o clímax, o que mantém o ritmo, mas sacrifica desenvolvimento de personagens. A fotografia explora cenários tropicais e referências ao longa de 1997, reforçando o caráter nostálgico.
O diretor Tom Gormican, conhecido por O Peso do Talento, tenta recriar a aura de Bowfinger, filme que também ironiza bastidores de Hollywood. Entretanto, a mordida de Anaconda é menos venenosa, resultando em sátira de efeito moderado.
Nota e classificação
Com censura PG-13, Anaconda recebeu avaliação 4/10 na crítica original, indicando recepção morna. Embora divirta ao lembrar o prazer de criar arte com amigos, o filme não alcança o potencial pleno de sua premissa.
Ficha técnica resumida
Direção: Tom Gormican
Roteiro: Kevin Etten
Produção: Andrew Form e Brad Fuller
Elenco principal: Jack Black, Paul Rudd, Thandiwe Newton, Steve Zahn, Daniela Melchior, Selton Mello, Ione Skye
Gêneros: Aventura, Comédia, Terror
Duração: 99 minutos
Lançamento: 24 de dezembro de 2025
Por que a nova Anaconda interessa ao público
Para quem sente saudade dos blockbusters dos anos 1990, Anaconda filme oferece referências diretas e nostalgia em dose dupla. Além disso, a crítica à tendência infindável de remakes pode atrair espectadores cansados da repetição nos grandes estúdios.
No site 365 Filmes, leitores em busca de novidades sobre cinema encontram nesse projeto um exemplo claro de como Hollywood reage às pressões de mercado, transformando até serpentes gigantes em autoparódia.
Conclusão da cobertura
Anaconda 2025 tenta mostrar que, apesar da máquina de dinheiro em torno dos remakes, ainda há espaço para produções movidas pela amizade e pela paixão. Porém, a combinação de roteiro irregular e personagens mal aproveitados impede que a sátira alcance todo o seu potencial.
