Tom Cruise volta a correr contra o tempo — e a morte — em “Missão: Impossível — O Acerto Final”, previsto para 2025. O filme, dirigido por Christopher McQuarrie, promete encerrar quase trinta anos de aventuras do agente Ethan Hunt.
Embora entregue acrobacias de tirar o fôlego, a produção se alonga em diálogos explicativos, tentando amarrar todas as pontas da franquia. O resultado é um desfecho grandioso em escala, mas irregular no ritmo.
O que move a trama
Seguindo diretamente os eventos de “Acerto de Contas — Parte 1”, Ethan Hunt precisa neutralizar a Entidade, uma inteligência artificial que assumiu o controle de arsenais nucleares e ameaça toda a espécie humana. A urgência aumenta quando antigos inimigos retornam para ajustar contas pendentes.
De acordo com a sinopse oficial, a missão leva Hunt a confrontos no fundo do mar, perseguições aéreas e embates que atravessam diferentes continentes. Assim como nos longas anteriores, Cruise dispensou grande parte dos efeitos digitais e gravou as principais sequências de ação no modo raiz, reforçando a marca registrada da franquia.
Ação continua impecável
A cena em que o protagonista explora sozinho um submarino afundado encapsula o DNA da série: suspense puro, fisicalidade extrema e câmera sempre colada ao risco. Pouco depois, uma perseguição entre aviões coloca o público na ponta da cadeira, comprovando a habilidade de McQuarrie para coreografar caos controlado.
Para quem acompanha Resumo de Novelas, vale lembrar que “Missão: Impossível — O Acerto Final” mantém a tradição de inovar tecnicamente a cada capítulo. Mesmo após décadas, Cruise acelera, salta e desafia a gravidade com a mesma energia de quando assumiu o papel em 1996.
O ponto fraco: excesso de exposição
Se a ação continua afiada, o roteiro tropeça ao insistir em explicar detalhadamente cada plano e consequência. Personagens completam frases de colegas que estão a quilômetros de distância, criando momentos artificiais e travando o ritmo que sempre foi a alma da franquia.
A tentativa de conferir peso simbólico a cada decisão, somada ao retorno de figuras dos primeiros filmes, faz o longa perder a leveza característica. Em vez de mostrar, a narrativa prefere falar — e falar muito — sobre o impacto de uma IA fora de controle, deixando a ameaça menos palpável do que poderia.
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Química de equipe abalada
Um dos charmes históricos de “Missão: Impossível” sempre foi a interação entre Ethan, Luther (Ving Rhames), Benji (Simon Pegg) e mais recentemente Ilsa (Rebecca Ferguson) e Grace (Hayley Atwell). No entanto, a dinâmica aqui raramente engrena. Uma cena específica entre Hunt e Luther, que deveria soar emotiva, termina arrastada pelo tom expositivo.
Ainda assim, há lampejos da antiga sintonia. Reviravoltas rápidas e mudanças de cenário resgatam o espírito de cooperação e improviso, especialmente na segunda metade, quando o filme retoma o fôlego perdido.
Legado versus entretenimento
McQuarrie opta por homenagear toda a trajetória de Ethan Hunt, trazendo referências visuais e narrativas dos sete filmes anteriores. Essa reverência, porém, pesa sobre a narrativa principal. Ao inflar a importância simbólica de cada escolha, a produção acaba relegando a diversão a segundo plano.
O resultado é um fechamento agridoce: maior e mais eloquente, porém menos ágil. Para muitos fãs, ver um herói tão carismático se despedir sem a leveza que o consagrou pode soar frustrante, mesmo diante do brilho técnico.
Vale a pena assistir?
Se o espectador busca ação prática, acrobacias reais e o carisma inabalável de Tom Cruise, “Missão: Impossível — O Acerto Final” entrega em grande escala. Contudo, quem espera o ritmo enxuto e a tensão contínua de “Nação Secreta” ou “Efeito Fallout” pode sentir falta daquele gás extra.
Ainda que não alcance o auge da franquia, o capítulo final fecha a saga com momentos memoráveis. Só não esqueça: prepare-se para longos blocos de conversa antes de cada explosão. Afinal, como bem sabe o próprio Ethan Hunt, uma missão impossível nunca vem sem custo.
