Quem acompanha a saga Sexta-Feira 13 já viu Jason Voorhees ressuscitar de mil jeitos, mas nem todo capítulo sobreviveu ao teste do tempo. Um deles foi praticamente varrido do mapa pela própria franquia.
Trata-se de Friday the 13th Part VIII: Jason Takes Manhattan, de 1989. O filme prometia levar o assassino mascarado à cidade que nunca dorme, porém virou o elo perdido da série e acabou renegado pelos longas lançados nos anos 1990.
Quando o cânone começou a ignorar Jason Takes Manhattan
No final de 1989, Jason Takes Manhattan chegou aos cinemas ainda sob a bandeira da Paramount. Na trama, Jason embarca num iate, cruza o litoral dos Estados Unidos e desembarca em Nova York para espalhar terror. Mesmo com essa premissa grandiosa, a bilheteria decepcionou e o estúdio vendeu a marca Sexta-Feira 13 para a New Line Cinema logo em seguida.
O primeiro título da nova fase, Jason Goes to Hell: The Final Friday (1993), simplesmente apagou qualquer consequência de Jason Takes Manhattan. Jason havia sido derretido por resíduos tóxicos no fim de Part VIII, mas ressurge intacto quatro anos depois, sem explicação. A ausência de qualquer referência ao passeio nova-iorquino indicou que, nos bastidores, decidiu-se ignorar o capítulo anterior.
A ordem de Sean S. Cunningham
Sean S. Cunningham, produtor e diretor do filme original de 1980, voltou ao controle criativo em Jason Goes to Hell. Entre as poucas orientações firmes, ele teria pedido que os roteiristas desconsiderassem os eventos de Part VIII, segundo declarações em convenções de fãs. Embora o estúdio nunca tenha publicado um comunicado oficial, o conteúdo de Jason Goes to Hell deixa claro que a recomendação foi seguida à risca.
Por que Jason Takes Manhattan ganhou fama de ponto baixo
A recepção crítica a Jason Takes Manhattan foi a pior de toda a série. No Rotten Tomatoes, o longa amarga 11% de aprovação — menor índice entre os filmes do mascote de máscara de hóquei. Além disso, tornou-se o título de menor arrecadação doméstica da Paramount dentro da franquia, o que reforçou a decisão de se livrar da marca.
Outra queixa frequente é que Jason passa a maior parte da história dentro de um navio, chegando às ruas de Manhattan apenas no terço final. O marketing prometia mais tempo de tela na Big Apple, mas cenas icônicas, como a passagem do vilão pela Times Square, duram poucos minutos. Essa quebra de expectativa contribuiu para a impressão de que o filme entregou menos do que anunciou.
Problemas de produção
Relatos de bastidores apontam limitações de orçamento como motivo principal para a curta estadia de Jason em Nova York. Filmar nas ruas da cidade era caro, e a equipe precisou recorrer a locações em Vancouver para economizar. O resultado foi um cenário menos reconhecível, o que reduziu o impacto da mudança de ambiente planejada para revigorar a franquia.
Imagem: Imagem: Divulgação
Elementos que permaneceram, mesmo com o filme excluído
Embora Jason Takes Manhattan tenha sido riscado da cronologia, nem tudo que surgiu ali foi descartado. O machucado característico na cabeça de Jason, provocado ainda em Sexta-Feira 13 Parte III, continua visível nos filmes posteriores, mostrando que alguns detalhes passaram incólumes pela mudança de estúdio.
Por outro lado, qualquer ferimento causado pela exposição a produtos químicos em Part VIII nunca mais é mencionado. Em Jason Goes to Hell, o vilão aparece sem sinais de corrosão, reforçando que a narrativa de Manhattan não conta para os capítulos futuros.
O impacto da exclusão na franquia Sexta-Feira 13
A franquia sempre tratou a continuidade de forma flexível, mas Jason Takes Manhattan é o caso mais extremo de eliminação completa. A decisão abriu caminho para experimentos ousados, como enviar Jason ao espaço em Jason X (2001) e colocá-lo para enfrentar Freddy Krueger em Freddy vs. Jason (2003).
No cenário atual, a cronologia ainda é tema de debates entre fãs, principalmente com o desenvolvimento da série de TV Crystal Lake. No entanto, especialistas consideram improvável que o passeio nova-iorquino volte a ser relevante, a menos que roteiristas optem por um revival nostálgico.
Resumo: como Jason Takes Manhattan virou peça de museu
Em resumo, a combinação de bilheteria fraca, críticas negativas e mudança de estúdio levou Jason Takes Manhattan a ser excluído da cronologia oficial. A decisão facilitou a transição para histórias novas sem amarras e consolidou o longa de 1989 como episódio isolado — lembrado mais pela curiosidade do que pela influência na trama geral.
No portal 365 Filmes, essa história ilustra como franquias de terror podem reescrever seu próprio passado para se manterem relevantes, mesmo que isso signifique renegar um capítulo inteiro.
