Barcelona acaba de ganhar papel de destaque no catálogo da Netflix com a estreia de Cidade de Sombras.
A série espanhola de suspense criminal leva o espectador a uma investigação marcada por dilemas morais e tensão psicológica.
Baseada no romance El Verdugo de Gaudí, a produção entrega seis episódios de cerca de 50 minutos cada.
Ao longo da trama, um crime brutal — um homem queimado vivo em um prédio icônico de Antoni Gaudí — desencadeia a união de dois detetives em momentos opostos da carreira.
Milo Malart, inspetor suspenso, e Rebeca Garrido, subinspetora em ascensão, precisam decifrar um caso repleto de segredos que ecoam pelas ruas da capital catalã.
A seguir, o 365 Filmes reúne os pontos essenciais para entender por que Cidade de Sombras vem chamando atenção.
Suspense criminal ambientado na Barcelona de Gaudí
Cidade de Sombras transforma a paisagem barcelonesa em parte ativa da narrativa.
Os locais inspirados na obra de Gaudí funcionam como extensão dos personagens, oferecendo beleza e ameaça na mesma medida.
A produção utiliza fachadas sinuosas, colunas orgânicas e interiores semidark para criar uma atmosfera quase opressiva, reforçando o tom noir.
A investigação tem início quando o corpo carbonizado é encontrado em meio a um dos símbolos mais conhecidos da cidade.
Essa escolha não serve apenas como cenário: a arquitetura ganha status de testemunha silenciosa, alimentando a sensação de que o passado pode emergir a qualquer instante.
Enquanto o enredo avança, ruas estreitas, becos pouco iluminados e cantos turísticos ocupam a tela, ampliando a tensão.
O roteiro opta por ritmo progressivo, apostando em momentos de introspecção em vez de explosões constantes.
Quando a busca por pistas parece estagnar, a série direciona o foco para conflitos internos dos investigadores, expondo frustrações, traumas e dilemas éticos.
Com isso, Cidade de Sombras mantém o interesse mesmo nos trechos mais lentos, permitindo que o suspense psicológico se sobreponha às reviravoltas fáceis.
Além do cenário, a investigação coloca em debate temas como autoridade, hierarquia e a definição de justiça dentro da força policial.
Milo e Rebeca se veem frequentemente confrontando decisões institucionais que testam seus limites e crenças.
Essa abordagem confere complexidade à trama, evitando o maniqueísmo típico de produções policiais convencionais.
Adaptação do romance El Verdugo de Gaudí amplia as camadas do enredo
Basear-se na obra de Aro Sáinz de la Maza permite à série trabalhar com múltiplos pontos de vista e criar personagens densos.
A narrativa conduzida por Andrés Koppel e Oriol Paulo mantém o cerne do livro, mas introduz ritmo serial que favorece cliffhangers sutis ao fim de cada episódio, estimulando a curiosidade sem recorrer a truques artificiais.
Imagem: Divulgação.
Elenco e atmosfera elevam a tensão
Isak Férriz (Milo Malart) e Verónica Echegui (Rebeca Garrido) formam o núcleo emocional de Cidade de Sombras.
Férriz interpreta um inspetor marcado por culpas antigas, enquanto Echegui traz energia contida à subinspetora que precisa provar valor em meio a colegas desconfiados.
A química entre os dois sustenta boa parte do suspense, já que cada decisão é filtrada pelos traumas individuais.
O elenco de apoio também contribui para a densidade narrativa.
Antagonistas surgem com motivações complexas, evitando caricaturas e reforçando o caráter ambíguo do crime investigado.
Essa escolha mantém o público intrigado sobre quem realmente é vítima ou algoz.
Do ponto de vista técnico, a fotografia aposta em paleta fria, reforçando a sensação de desconforto que permeia cada cena.
Sombras alongadas e luz difusa criam contraste com a arquitetura colorida de Gaudí, tornando a estética da série um atrativo por si só.
A trilha sonora, discreta e pontual, acompanha batimentos cardíacos e silêncios prolongados, intensificando a inquietação.
Para quem aprecia thrillers psicológicos, Cidade de Sombras entrega investigação meticulosa, personagens críveis e cenário marcante.
Os seis episódios formam arco fechado, possibilitando maratona compacta ou consumo pausado, de acordo com o ritmo de cada espectador.
Mesmo sem revolucionar o gênero, a série demonstra cuidado na execução e valida a aposta da Netflix em produções europeias de alto nível.
