Reunir duas produções de grande porte em um único corte já seria ousado por si só. Em Baahubali: The Epic, o diretor S.S. Rajamouli leva essa ambição ao limite e entrega uma montagem de aproximadamente quatro horas que une a duologia original.
Com cenários vastos, números musicais marcantes e efeitos visuais assumidamente teatrais, o filme adapta lendas indianas e se apresenta como um conto de heróis, traições e batalhas que lembram histórias bíblicas de disputa pelo poder.
O que é Baahubali: The Epic
A nova versão funciona como edição de diretor e une Baahubali: O Início (2015) e Baahubali 2: A Conclusão (2017). O resultado é um único longa-metragem que busca manter ritmo constante, apesar da duração estendida.
Rajamouli, conhecido no Ocidente após RRR, retoma aqui o estilo maximalista: grandes coreografias de combate, uso intenso de computação gráfica e canções que mesclam romance com cenas de guerra. Segundo comentários da equipe, o material foi inspirado em histórias que o cineasta ouvia quando criança.
Enredo principal sem cortes
O filme abre com um bebê deixado aos pés de uma cachoeira. A criança é resgatada por Sanga (Rohini) e recebe o nome de Shivudu, interpretado na fase adulta por Prabhas. A obstinação do jovem em escalar o paredão de água se torna lenda local, graças à força sobre-humana que demonstra em várias sequências.
Da vila à cidade dourada
Ao finalmente vencer a cachoeira, Shivudu conhece Avantika (Tamannaah Bhatia), integrante de um grupo rebelde que tenta libertar a princesa Devasena (Anushka Shetty) das garras do tirano Bhallaladeva (Rana Daggubati). Essa passagem, na nova montagem, recebe tratamento acelerado: cenas de romance aparecem condensadas em montagem rápida, acompanhada de narração explicativa.
Reviravoltas familiares
Ao ajudar na fuga de Devasena, Shivudu desperta o temor de Bhallaladeva, que acredita estar diante do lendário guerreiro Baahubali. O general escravizado Kattapa (Sathyaraj) e seu filho Bhadra (Adivi Sesh) são enviados à captura, mas o confronto revela a verdadeira identidade do herói: ele é, na realidade, filho do Baahubali original.
A partir daí, o enredo retrocede para relatar a ascensão de Baahubali pai, seu amor por Devasena e a rivalidade sanguinária com Bhallaladeva pelo trono de Mahishmati. Essa alternância entre presente e passado sustenta a estrutura do corte único.
Batalhas coreografadas e uso criativo de CGI
Rajamouli emprega efeitos digitais sem buscar realismo absoluto; a intenção é reforçar o caráter mitológico, como na cena em que um navio em forma de cisne atravessa as nuvens durante uma canção romântica. Para o público de 365 Filmes, acostumado a novelas e doramas com estética marcante, esses momentos devem chamar atenção pela escala nada convencional.
Imagem: Imagem: Divulgação
Climax de uma hora
Nos minutos finais, o longa encadeia combates que envolvem milhares de figurantes virtuais, armadilhas, catapultas e coreografias aéreas. A narrativa coloca a lealdade de Kattapa em xeque e expõe as consequências da ambição desenfreada de Bhallaladeva, tema central que ressoa ao longo de toda a saga.
Por que a versão estendida chama atenção
Além da longa duração, o filme surpreende pelo ritmo ágil, conseguido com cortes paralelos intensos e trilha de M.M. Keeravaani que alterna percussão vibrante e melodias suaves. O resultado mantém a energia elevada, mesmo em passagens expositivas.
Críticos estrangeiros chegaram a comparar Rajamouli a Cecil B. DeMille, referência nos épicos hollywoodianos. A comparação destaca como Baahubali: The Epic amplia o uso do artifício cinematográfico para criar mundos fantásticos, sem se preocupar com leis físicas ou limites de escala.
Público-alvo e experiência de sala
Para quem acompanha produções seriadas de longa duração, como novelas e doramas, a narrativa multifacetada pode soar familiar: romances, intrigas palacianas e disputas de família moldam a trama. A diferença está no tamanho dos cenários e na intensidade das cenas de ação, que elevam o conceito de melodrama a proporções quase operísticas.
A exibição em uma única sessão reforça a sensação de jornada completa, mas também exige disposição do espectador. Nas salas da Índia, intervalos foram adotados para reduzir o cansaço; em mercados internacionais a estratégia pode variar.
Vale a pena encarar quase quatro horas?
Se a curiosidade sobre mitologia indiana, cenas musicais grandiosas e batalhas estilizadas fala mais alto, Baahubali: The Epic oferece espetáculo raro de se ver no circuito comercial. Em contrapartida, quem prefere narrativas mais contidas talvez sinta o peso do tempo de projeção.
Fatos rápidos sobre Baahubali: The Epic
- Duração aproximada: 3 horas e 50 minutos.
- Direção e roteiro: S.S. Rajamouli.
- Elenco principal: Prabhas, Anushka Shetty, Rana Daggubati, Tamannaah Bhatia e Sathyaraj.
- Trilha sonora: M.M. Keeravaani.
- Baseado em folclore indiano transmitido oralmente ao diretor na infância.
Baahubali: The Epic ainda não tem data oficial de estreia no Brasil, mas distribuidoras negociam o lançamento em circuito limitado. Fãs de produções épicas e do trabalho recente de Rajamouli com RRR permanecem atentos às novidades.
