O público que acompanha as novidades de cinema ganhou mais um título para ficar de olho. The Testament of Ann Lee, novo trabalho da diretora Mona Fastvold, reúne estética cuidadosa, contexto histórico e uma performance que já nasce cotada para a temporada de prêmios.
Filmado em 35 mm e ambientado na América do século XVIII, o longa apresenta a trajetória real de Ann Lee, fundadora do movimento Shaker, misturando musicalidade, crítica social e um olhar íntimo sobre fé e sofrimento. A produção chega aos cinemas em 25 de dezembro de 2025.
A trama de The Testament of Ann Lee
O roteiro de Mona Fastvold e Brady Corbet — mesma dupla por trás de The Brutalist — reconstrói a jornada de Ann Lee desde sua vinda para as colônias americanas. A narrativa acompanha o esforço da líder religiosa para espalhar sua visão espiritual, em meio a desconfianças e preconceitos.
Com 130 minutos de duração, The Testament of Ann Lee aposta em fotografia granulada para quebrar o ideal bucólico atribuído ao período colonial. A técnica revela um ambiente áspero, pronto para expor as tensões entre moral religiosa, opressão de gênero e pulsões individuais.
Religião e trauma se entrelaçam
Em vez de discutir dogmas, o filme investiga como os traumas precoces de Ann alimentam sua devoção. A abertura já associa a personagem a uma passagem do Apocalipse — “A mulher vestida de sol” — sugerindo uma segunda vinda de Cristo, mas logo desloca o foco para o impacto do sofrimento pessoal na construção da fé.
Amanda Seyfried domina a cena
Interpretando Ann Lee, Amanda Seyfried entrega o trabalho mais exigente de sua carreira. Ela navega entre dor contida e êxtase religioso com transparência emocional que prende o espectador do início ao fim. O papel exige também fôlego físico: os rituais musicais dos Shakers, baseados em dança catártica, ocupam boa parte da tela.
A repetição dessas sequências poderia parecer cansativa, porém a atriz mantém cada movimento relevante, reforçando a sensação de libertação que o culto promete aos fiéis. Muitos críticos já apontam cenas específicas como fortes candidatas ao famoso “Oscar reel”.
Performance física e emocional
Seyfried alterna canto, choro e silêncio com naturalidade, usando o corpo para comunicar aquilo que as palavras não alcançam. A entrega total à coreografia ritualística faz com que o espectador quase sinta o mesmo alívio transcendental que as personagens buscam.
Direção de Mona Fastvold e estética visual
A escolha de film grain tátil realça texturas de madeira, tecido e pele, transportando o público para um ambiente que mistura beleza pastoral e ameaça constante. Fastvold favorece planos fechados no rosto de Ann, reforçando o caráter de estudo de personagem.
A diretora evita declarações definitivas sobre a legitimidade dos Shakers ou a veracidade das visões de Ann. Ao invés disso, prefere mostrar reações, deixando que o espectador deduza o vínculo entre dor, fé e desejo.
Imagem: Imagem: Divulgação
Grain em 35 mm cria atmosfera colonial
Cores terrosas e luz natural conduzem a fotografia, transformando a paisagem em elemento narrativo. O contraste entre a serenidade exterior e o turbilhão interno das personagens sustenta a tensão dramática.
Pontos pouco explorados pelo roteiro
Apesar do escopo ambicioso, The Testament of Ann Lee toca rapidamente em temas que poderiam render discussões mais profundas. A sexualidade do irmão de Ann surge numa frase e nunca volta à pauta. O posicionamento abolicionista dos Shakers também aparece de passagem.
A decisão de manter o foco quase exclusivo na protagonista confere coerência, mas gera a sensação de que alguns conflitos externos carecem de voz. Ainda assim, o subtexto sobre identidade de gênero e sofrimento feminino permanece visível para quem quiser decifrar.
Detalhes de produção e lançamento
Com estreia marcada para 25 de dezembro de 2025, o filme conta com produção de Viktória Petrányi, Lillian LaSalle, Klaudia Śmieja-Rostworowska, Joshua Horsfield, Andrew Morrison e Mark Lampert. Além de Amanda Seyfried, o elenco traz Thomasin McKenzie no papel de Mary.
Classificado como drama musical histórico, The Testament of Ann Lee recebeu nota 8/10 em avaliações preliminares. Caso a recepção se mantenha, o longa deverá figurar entre os candidatos a premiações de fim de ano — possibilidade que deixa a equipe de 365 Filmes especialmente atenta aos desdobramentos.
Ficha técnica resumida
Direção: Mona Fastvold
Roteiro: Brady Corbet, Mona Fastvold
Duração: 130 minutos
Gêneros: Drama, Música, História
Lançamento: 25/12/2025
Elenco principal: Amanda Seyfried (Ann Lee), Thomasin McKenzie (Mary)
Com cenografia imersiva, abordagem temática contundente e interpretação arrebatadora, The Testament of Ann Lee se confirma como um dos títulos mais aguardados do fim de ano, prometendo ocupar espaço de destaque nas conversas cinéfilas nos próximos meses.
