A Netflix guarda tramas que encaram o luto, a mudança de rumo e o amadurecimento sem fugir de emoções fortes. Entre uma reviravolta e outra, esses filmes provocam reflexão sobre perdas e renascimentos que todos nós enfrentamos em silêncio.
Da quadra de basquete às transformações de meia-idade, as histórias abaixo misturam dor, humor e coragem, oferecendo o tipo de catarse que muitos procuram num divã. O portal 365 Filmes reuniu as cinco produções que mais ajudam a destrinchar o turbilhão interno de quem aperta o play.
Arremessando Alto (2022)
Dirigido por Jeremiah Zagar, o longa coloca Adam Sandler na pele de Stanley Sugarman, um ex-jogador de basquete que virou olheiro do Philadelphia 76ers. Após anos longe da família e do antigo brilho das quadras, ele ganha a chance de assumir o posto de técnico da equipe. O sonho, no entanto, desmorona quando um contratempo fora de quadra o obriga a voltar à estrada em busca de novos talentos.
A química entre Sandler e o atleta Juancho Hernangómez, que interpreta o jovem prodígio Bo Cruz, sustenta a narrativa. Entre treinos intensos e diálogos afiados, o roteiro revela a angústia de quem precisa aceitar que o tempo passa para todos. O resultado é um retrato sincero sobre reconhecimento de limites e redescoberta de propósito.
Fuja (2021)
Aneesh Chaganty apresenta um suspense que eleva a clássica tensão entre pais e filhos. Chloé, vivida por Kiera Allen, é uma adolescente com mobilidade reduzida que vive sob a vigilância rígida da mãe, interpretada por Sarah Paulson. O que parece cuidado exemplar logo ganha contornos sombrios.
Conforme detalhes do passado vêm à tona, Chloé percebe que independência pode custar caro. A narrativa questiona até onde o amor materno pode se tornar controlador e expõe medos compartilhados por quem já se sentiu preso ao excesso de proteção familiar.
Se Algo Acontecer Te Amo (2020)
O premiado curta de animação dirigido por Michael Govier e Will McCormack dura apenas 12 minutos, mas deixa marca profunda. Sem diálogos, o filme acompanha um casal devastado pela morte da filha em um tiroteio escolar. Sombras simbolizam as lembranças que insistem em ocupar cada cômodo da casa.
Com traços simples e delicados, a produção aborda luto e culpa, mostrando como o passado e o presente se entrelaçam na rotina de quem perdeu alguém de forma abrupta. O título, escrito em um bilhete dentro da história, soa como lembrete urgente sobre a fragilidade da vida.
The 40-Year-Old Version (2020)
No semidocumental de Radha Blank, a própria diretora vive uma dramaturga que, às vésperas dos 40 anos, encara o bloqueio criativo e a sensação de estar aquém das expectativas. De dia, ela dá aulas de teatro no Harlem; à noite, tenta se reinventar como rapper para retomar a voz artística que acredita ter perdido.
Imagem: Imagem: Divulgação
Rodado em preto e branco, o filme mistura humor ácido e confissões, ilustrando as pressões que pesam sobre quem ainda quer “chegar lá” depois da juventude. As rimas improvisadas funcionam como terapia e desafiam padrões de sucesso, empoderando quem se sente fora do padrão hollywoodiano.
100 Metros (2016)
Baseado em fatos reais, o drama espanhol dirigido por Marcel Barrena acompanha Ramón Arroyo, interpretado por Dani Rovira. Aos 30 e poucos anos, ele descobre ter esclerose múltipla e ouve dos médicos que, em breve, não conseguirá andar mais de 100 metros. Revoltado, Ramón decide treinar para completar um Ironman, uma das provas mais duras do triatlo.
O roteiro evita melodrama ao mostrar as quedas e os dias bons do protagonista, além do apoio cômico do sogro, vivido por Karra Elejalde. A meta improvável dá sentido à rotina e escancara a importância de retomar o controle mesmo diante de limitações impostas pela saúde.
Por que esses filmes mexem tanto com a gente?
Todos os títulos acima exploram, sob ângulos diferentes, a incerteza que ronda o amanhã. Ao trazer personagens que precisam reavaliar sonhos depois de um baque — seja ele a doença, a perda de alguém querido ou o peso da idade —, cada obra reflete a jornada de quem tenta ressignificar a própria história.
Assistir a essas narrativas funciona como espelho: o espectador se conecta com sentimentos de inadequação, medo e esperança, raramente abordados com tanta franqueza no cinema comercial. Não é à toa que muitas pessoas saem dos créditos sentindo ter participado de uma longa sessão de terapia.
Onde encontrar
As cinco produções estão disponíveis no catálogo da Netflix Brasil. Basta digitar o título na busca da plataforma e escolher entre dublagem ou áudio original com legendas.
Seja para refletir sobre a finitude, questionar laços familiares ou apenas se inspirar a dar o primeiro passo de um grande desafio, vale reservar algumas horas e mergulhar nesses filmes que parecem entender suas dores mais íntimas.