O documentário Come See Me in the Good Light, dirigido por Ryan White, acompanha os derradeiros meses da poeta e ativista Andrea Gibson, vítima de um longo câncer de ovário. Gravado entre consultas médicas, leituras de poesia e momentos domésticos, o filme encontra beleza onde se espera tristeza.
Longe de soar fúnebre, a produção usa a proximidade da morte para exaltar a vida. A câmera observa Gibson e a esposa, a também poeta Megan Falley, em cenas cotidianas que revelam afeto, humor e arte em estado bruto. O resultado renova o modo como encaramos histórias sobre doença terminal.
O que é e sobre o que fala o documentário Come See Me in the Good Light
Lançado em 14 de novembro de 2025, o documentário Come See Me in the Good Light tem 109 minutos de duração e recebeu avaliação 7/10 em exibições de imprensa. A produção busca, antes de tudo, recontar os últimos capítulos da trajetória de Andrea Gibson – nomeado Poeta Laureado do Colorado em 2023 – sem cair em tom elegíaco.
Gibson morreu em julho de 2025, poucas semanas antes de completar 50 anos. Ao longo do filme, o público assiste à maneira como a artista ressignifica a finitude: “Minha história é sobre entender que a felicidade é mais fácil de alcançar quando percebemos que não temos para sempre”, explica ela em uma entrevista de rádio recuperada pela montagem.
Registro íntimo dos últimos meses de Andrea Gibson
Grande parte do impacto do documentário Come See Me in the Good Light está na proximidade da câmera. O diretor de fotografia Brandon Somerhalder posiciona o equipamento na altura do sofá, da mesa ou do chão, sempre reforçando a sensação de que o espectador faz parte da casa do casal em Longmont, Colorado.
Esse olhar sem filtros revela tanto a fragilidade física de Gibson quanto sua vitalidade intelectual. Entre exames e sessões de quimioterapia, ela revisa poemas, planeja leituras online e discute novas criações. A insistência em produzir arte até o fim cria um contraste poderoso com o avanço da doença.
A força da parceria entre Andrea Gibson e Megan Falley
O documentário Come See Me in the Good Light dedica atenção especial ao relacionamento entre Gibson e Falley. Os dois poetas viveram altos e baixos: quando o diagnóstico chegou, eles atravessavam uma crise e quase se separaram. Falley, no entanto, preferiu ficar e o casal oficializou a união em 2022.
Os estilos artísticos opostos – Gibson direta e contundente; Falley mais lírica – geram trocas criativas que alimentam o longa. Em uma das passagens mais comoventes, a montagem de Berenice Chávez sobrepõe o poema “The Little Things” com cenas deles cumprindo itens de uma lista afetiva: colar poemas num piano, consertar a caixa de correio, ligar para a mãe todas as noites.
Imagem: Imagem: Divulgação
Conflitos que aproximam
Mesmo diante da morte, há espaço para discussões sobre texto, forma e rotina. Gibson enfrenta crises de ansiedade antes das performances; Falley, otimista, edita com velocidade. As divergências reforçam a química do casal e revelam que o amor também se constrói no embate de ideias.
Escolhas de direção e aspectos técnicos
Ryan White – conhecido por Assassinos de Glee e The Keepers – prioriza um ritmo contemplativo. Quando aposta apenas na força das imagens, acerta em cheio. Contudo, algumas decisões dividem opiniões, como a trilha original de Blake Neely, que às vezes compete com a musicalidade natural dos versos de Gibson.
Ainda assim, a edição mantém o foco na evolução emocional do casal, sustentada por diálogos espontâneos e silêncios cheios de significado. Para quem acompanha o 365 Filmes em busca de narrativas sensíveis, o longa oferece exatamente isso: emoção sem melodrama.
Fotografia que abraça o cotidiano
A luz suave das manhãs no Colorado, o cão dormindo aos pés do sofá, o caderno de poemas aberto sobre a mesa da cozinha – cada detalhe ganha importância quando a vida possui data de validade. A fotografia aposta em planos fechados, reforçando o caráter quase confessional do filme.
Data de estreia, duração e equipe por trás da produção
Come See Me in the Good Light chega ao público em 14 de novembro de 2025, com distribuição ainda não definida para o Brasil. A produção reúne nomes respeitados: Tig Notaro, Jessica Hargrave, Stef Willen e o próprio Ryan White assinam a produção executiva.
O elenco se resume ao casal central, mas a presença dos amigos, dos cães e dos médicos completa o mosaico. Ao registrar a poeta que levou a slam poetry a palcos de rock nos anos 1990 e 2000, o filme preserva uma luz que segue acesa na comunidade LGBTQIA+.
